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A original Yayoi Kusama

Artista plástica e escritora japonesa transita pelas formas de arte com seu talento, mas influenciada por suas doenças mentais.



Yayoi Kusama é um ícone na arte modernista, minimalista e surrealista. Ela cresceu no meio artístico mesmo com a proibição de seus pais, os aspectos da doença mental, a visão xenófoba das pessoas sobre sua etnia (japonesa) e o machismo dentro da indústria. Aos 94 anos, a artista segue criando arte.


História



Yayoi Kusama nasceu em 22 de março de 1929, em uma família tradicional japonesa. Yayoi sempre teve talento para as artes, o que não agradava seus pais, especialmente sua mãe. A artista chegou a contar que seus pais tinham uma relação complicada, seu pai costumava trair a esposa. Por conta disso, a mãe de Yayoi obrigava a filha a vigiar e espionar o pai constantemente, função que fez com que a artista desenvolvesse um trauma de sexo, o qual carrega consigo até hoje.

 

Sua mãe era uma mulher de negócios e muito tradicional, não gostava da veia artística da filha, e muitos dos trabalhos da jovem Yayoi eram tomados por ela antes de serem finalizados, levando-a a desenvolver ansiedade.

 

Contrariando seus pais, Yayoi estudou pintura Nihonga em Kyoto, mas as limitações da técnica da arte fez com que ela se sentisse infeliz. Yayoi usava a arte para expressar seu mundo próprio: ela via o mundo através de pontos e círculos, uma alucinação poderosa e até mesmo perigosa, parte de sua esquizofrenia.

Começo da carreira


Créditos de imagem: Fred W. McDarrah

Então, em 1950, mudou-se para os Estados Unidos, a pedido de uma grande amiga, a também artista Georgia O'Keeffe. Yayoi tinha 27 anos na época.


Entre seus primeiros trabalhos em solo estadunidense estava o "Rede Infinita", composto por telas pintadas com milhares de pontos, sem respeitar a borda do quadro, o que dava a percepção de "infinito".



Em Nova York, a artista trabalhou com nomes muito influentes, como: Joseph Cornell, Donald Judd e Andy Warhol. E Yayoi acabou por se tornar uma líder para o movimento vanguardista. Sua arte tinha características quase hipnóticas: a repetição dos pontos no quadro prendiam o espectador no quadro.

 

A obsessão por repetição de pontos continuou durante 1960, em sua exposição de escultura. Uma característica da arte de Kusama era contar sobre seu trauma sexual (por ter tentado espionar seu pai). Durante a instalação de 1960, a artista expôs uma escultura com pênis, feita de tecido branco.



Foi em 1965 que a artista começou a utilizar os espelhos em suas instalações, a ideia era passar o sentimento de "infinito", como o seu próprio mundo pessoal. Durante a Infinity Mirror Room, a artista cobriu o piso com inúmeros pênis pintados com pontos, que refletem no espelho. Mais uma alusão ao seu trauma sexual.



Visionária, a artista japonesa participou de várias exposições de artes públicas, muitas envolvendo nudez. Yayoi Kusama criticava a guerra contra o Vietnã, defendia o amor livre e até hoje levanta a bandeira em prol dos direitos da comunidade LGBTQIA+. A própria Yayoi, inclusive, definiu a si mesma como assexual.

 

Em 1969, Kusama pintou seus característicos pontos nos corpos nus de diversos voluntários, na fonte do jardim de Esculturas do Museu de Nova York. A mostra de arte não havia sido autorizada e muitos disseram que foi feita apenas para chamar atenção.  A imprensa sempre seguia a artista.



Tratamento psiquiátrico


Em 1973, Yayoi voltou ao Japão,  já consolidada na carreira, sendo requerida para exposições e até mesmo para desenhar modelos para marcas de moda.


Em 1977, por vontade própria, se internou em um hospital psiquiátrico. Seu transtorno havia piorado e suas alucinações se tornaram constantes. Ela vive até hoje na instalação, com um apartamento há alguns minutos do hospital, para onde ela vai com frequência para produzir sua arte.

 

Foi durante 1977 que ela começou a escrever. Sua escrita é considerada chocante e surrealista, tendo como personagens principais prostitutas, assassinos e pessoas enlouquecidas. Suas obras totalizam 13 volumes, contando com romances e poemas.

 

Em 1989, Yayoi Kusama volta ao cenário da arte mundial com exposições nos Estados Unidos e Inglaterra.  Em 1993, representou seu país na Bienal de Veneza.

 

Nos anos de 1998 e 1999, uma retrospectiva com suas artes foi exibida no Museu de Arte do Condado de Los Angeles, no Museu de Nova York, no de Minneapolis, Minnesota e, finalmente, em Tóquio.

 

Em 2006, foi premiada com o Praemium Imperiale da Japan Art Association. Em 2012 e 2017, sua exposição itinerante atraiu um grande público em Washington DC.

 

Yayoi abriu um museu dedicado à sua arte em 2017, localizado em Tóquio, próximo de seu apartamento e do hospital psiquiátrico.


Legado


Suas obras chegaram a diversos lugares do mundo, inclusive ao Brasil. A obra "Narcissus Garden Inhotim" se encontra no Centro Cultural de Inhotim, em Minas Gerais.


Créditos de imagem: Daniela Paoliello

 

A obra é réplica da escultura que fez para sua apresentação na Bienal de Veneza, em que ela vendia esferas por 2 dólares. Entre as bolas, existiam placas com os dizeres: "seu narcisismo à venda".

 

A escultura trata-se de dezenas de esferas que ficam na superfície da água, sendo movidas pelo vento. A arte foi inspirada no mito de Narciso, que se apaixonou por si mesmo ao ver seu reflexo na água e morreu definhando enquanto se olhava, pois não suportava viver longe de seu próprio reflexo.

 

Sua arte foi exposta no Japão, Estados Unidos, Espanha, Brasil, Venezuela, Singapura e muito mais. Yayoi conquistou um espaço difícil entre os artistas: em uma época que pessoas asiáticas e principalmente mulheres, eram hostilizadas. Além disso, a artista sofre de ansiedade e esquizofrenia, mesmo assim, ela conquistou seu lugar ao sol, sendo um dos nomes mais marcantes da arte atual.

 

Visionária, Yayoi levantou bandeiras a vida toda, lutando pelo o amor livre e os homossexuais. Seu estilo extravagante, sempre composto pelos obsessivos pontinhos chama atenção até hoje.


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