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  • Foto do escritorThuane Ingred

Além da margem: a riqueza da literatura LGBTQIA+

Entre autores e narrativas queer, o aumento da representatividade na literatura.



Amara Moira, escritora travesti, discute que a literatura LGBTQIA+ não é apenas aquela produzida por tais sujeitos, mas também a que possui a temática da existência, que faz com que seja aliada na construção de um mundo sem discriminação. Com a recente série 'Heartstopper' e o lançamento do filme 'Vermelho, Branco e Sangue Azul', trago um pouco sobre a história desse gênero e seleciono alguns(as) autores(as).

 

A literatura LGBTQIA+ são obras que exploram as experiências, identidades e desafios enfrentados pela comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer, intersexuais, assexuais e outras identidades. Esses livros podem se configurar em diversos gêneros, como o romance, a ficção científica, o terror etc.

 

Ao contrário do que se possa imaginar, não é um gênero recente na literatura, o que muda atualmente é a quantidade. Em nossa história, temos Oscar Wilde, talvez um dos maiores representes da literatura queer, Virgínia Woolf e James Baldwin, tendo esse último explorado também questões raciais. Atualmente, a literatura contemporânea abriu espaço para novos(as) escritores(as) que exploram desde romances a poesia.

 

Segue então uma pequena (ou nem tão pequena) lista de autores(as) que ou escrevem literatura LGBTQIA+ ou fazem parte da comunidade:


Oscar Wilde



Autor de "O Retrato de Dorian Gray", Wilde foi símbolo do esteticismo. Ele nada fazia para esconder sua homossexualidade, o que ocasionou em perseguição pública, desencadeando em sua prisão. Produziu poucas obras, mas nunca deixou de defender seu lema: "o amor que não ousa dizer o nome".

 

James Baldwin



Escritor, ensaísta, romancista e ativista social afro-americano. É reconhecido por suas obras que abordam questões de raça, identidade sexual e social nos EUA.


"Terra Estranha", publicado alguns anos antes da rebelião de Stonewall, é protagonizado pelo personagem Rufus, e aborda temas como a bissexualidade e relacionamentos interraciais nos Estados Unidos.


Caio Fernando Abreu



Escritor, jornalista e dramaturgo brasileiro, é considerado um dos principais expoentes da literatura contemporânea brasileira. Suas obras abordam temas como identidade, sexualidade, marginalização, alienação e questões existenciais.


Sua escrita é poética, introspectiva e melancólica. "Morangos Mofados" é o seu livro de contos mais famoso e foi publicado nos últimos anos da ditadura brasileira. É dividido em três partes, seus contos exploram a homoafetividade no contexto da repressão, mas também sobre a contracultura e o surgimento dos primeiros grupos de libertação homossexual do país.


Natalia Borges Polesso



É uma escritora brasileira reconhecida por seus livros que abordam temas como identidade, sexualidade, gênero e relações humanas. Seu livro "Amora", vencedor do Prêmio Jabuti (2016), é composto por 33 contos que exploram a homossexualidade feminina, o descobrimento da sexualidade, rompimentos afetivos e o preconceito.



Angélica Freitas e Odyr


Angélica Freitas é uma escritora e poeta brasileira. Conhecida por sua poesia moderna, muitas vezes caracterizada por seu humor ácido, observações sociais perspicazes e uma abordagem não convencional da linguagem.


Já Odyr Bernardi é um quadrinista e ilustrador brasileiro, reconhecido por sua habilidade de contar histórias visualmente e pela variedade de estilos e temas que aborda em suas obras.


Créditos de imagem: Quadrinhos na Cia.

Os dois se uniram e escreveram "Guadalupe", romance gráfico que narra a história de Guadalupe e sua tia travesti, Minerva, que viajam para Oaxaca, no México, a fim de cumprirem com o último desejo de Elvira, a avó de Guadalupe. A história apresenta uma aventura dialogada com a mitologia asteca.


Alice Walker



Escritora, poetisa e ativista norte-americana, amplamente conhecida pelo seu trabalho literário que aborda questões raciais, de gênero e sociais. Sua obra tem sido fundamental para explorar as experiências e lutas das pessoas afro-americanas e para dar visibilidade às vozes marginalizadas.


Teve o seu reconhecimento com a obra "A cor púrpura", que narra a história de Celie, uma mulher pobre e negra no Sul dos Estados Unidos, que foi estuprada pelo padrasto na infância e forçada a se casar com Albert. Em determinado momento, Celie se envolve com Shug Avery, uma cantora e amante de Albert.


Becky Albertalli



Escritora norte-americana, conhecida por seus romances jovens adultos que frequentemente abordam temas de identidade, sexualidade e relacionamentos. Sua escrita é caracterizada por sua abordagem autêntica e sensível das experiências adolescentes, especialmente em relação à diversidade LGBTQ+.


Sua principal obra é "Simon vs. a Agenda Homo Sapiens". O livro se concentra em Simon Spier, um adolescente gay que se comunica anonimamente com um colega de classe que está passando pelo mesmo processo de autoaceitação. O romance aborda a jornada de Simon para se assumir e as complexidades das relações durante a adolescência.


Mário de Andrade



Um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922, foi um importante escritor e intelectual do modernismo brasileiro. Teve um papel significativo na formação da identidade cultural e literária do Brasil do século XX. Ele acreditava na valorização da cultura popular, nas tradições e nas influências indígenas e africanas que moldaram a identidade do país.


Sua obra é marcada por uma abordagem inovadora, misturando elementos tradicionais com experimentações modernistas. Sua principal obra foi Macunaíma, um romance que mistura elementos folclóricos, lendas indígenas e elementos de sátira social. O livro é uma exploração da identidade brasileira e da mistura de culturas no país.


Vitor Martins



Escritor brasileiro contemporâneo conhecido por suas obras de literatura jovem adulta que abordam temas LGBTQIA+ e questões de identidade, além de explorar a vida de adolescentes.


Conhecido por seus romances que combinam narrativas envolventes com temas relevantes e atuais, escreve de forma autêntica e sensível sobre as experiências de adolescentes que estão lidando com questões de sexualidade, amizade e autoaceitação.


Autor de "Quinze Dias", seu romance de estreia, trata da vida de Felipe, um garoto gay que passa quinze dias na casa de Caio, seu amigo de infância. Durante esse tempo, eles vivem uma série de experiências que afetam suas vidas de maneira profunda.


Gabriela Barreira e Igor Pires



Autores de "Textos Cruéis Demais para Serem Lidos Rapidamente" (TCD), começaram o projeto nas redes sociais. O livro aborda temas como amor, desilusão, relações interpessoais, autodescoberta, entre outros, por meio de fragmentos de textos que têm o poder de tocar profundamente os leitores. A obra é conhecida por seu conteúdo sensível e pela maneira como lida com questões emocionais e existenciais.


Gabriela Barreira e Igor Pires conseguiram capturar a atenção e a empatia de muitas pessoas através de seus textos curtos, muitas vezes poéticos, que abordam situações da vida cotidiana com um olhar profundo e introspectivo.


Richard Zimler



Autor norte-americano conhecido por suas obras de ficção histórica e literatura contemporânea que frequentemente exploram temas relacionados à história judaica, identidade, religião e questões sociais.Ele costuma utilizar contextos históricos e geográficos para explorar temas profundos e complexos. É autor do livro "O Evangelho Segundo Lázaro", que é uma releitura ficcional do Novo Testamento pela perspectiva de Lázaro, amigo de Jesus que foi ressuscitado por ele.


Para Zimler, "Ainda há jovens homossexuais com problemas. É importante que figuras públicas digam 'sou homossexual, sou lésbica, mas feliz e realizada'".



Há muitos mais escritores(as) que poderia citar nessa lista, mas tentei trazer um pouco do que é clássico e do que é contemporâneo, entre autores(as) nacionais e internacionais. A arte LGBTQIA+ ainda precisa ser explorada e divulgada, não só para quem pertence à comunidade, mas para quem tem curiosidade e busca conhecimento, a fim de quebrar estereótipos e, assim, poder criar um espaço para vozes que historicamente foram marginalizadas.


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