Escritora, compositora e poetisa, Carolina Maria de Jesus é considerada uma das mais importantes autoras brasileiras.
Mineira nascida em Sacramento no dia 14 de março de 1914, considerada uma das mais importantes escritoras, compositoras e poetisas brasileiras, Carolina Maria de Jesus viveu grande parte da sua vida na favela do Canindé, em São Paulo, como catadora de papéis e outros materiais de reciclagem. Ainda em Sacramento, como Carolina sabia ler, a escritora e sua mãe ficaram presas pois autoridades concluíram que ela lia para fazer feitiçaria.
Filha ilegítima de um homem casado e maltratada por toda sua infância, devido à sua ilegitimidade foi excomungada com sua família pela Igreja Católica, porém a escritora sempre manteve sua religiosidade com referências a Deus em seu diário.
Em 1937, sua mãe faleceu e, com isso, teve que construir sua própria casa usando materiais como lata, papelão e madeira.
Em 1947, ao chegar à cidade, a escritora conseguiu emprego na casa de Euryclides de Jesus Zerbini, famoso médico que foi percursor da cirurgia de coração no Brasil, que permitia que Carolina lesse os livros da biblioteca. Dois anos depois, teve seu primeiro filho, João José de Jesus, o que fez com que perdesse seu emprego e voltasse à vida de catadora.
Em 1950, publicou um poema em homenagem a Getúlio Vargas. Em 1958, o jornalista Audálio Dantas conheceu a autora e descobriu que ela possuía diversos diários em que dava seu testemunho sobre a realidade da favela e, com isso, ajudou a autora a publicar seu primeiro livro.
“Quem não tem um amigo, mas tem um livro, tem uma estrada”, disse Carolina Maria. Em 1960, apesar de ter apenas dois anos de estudo, ficou nacionalmente conhecida pela publicação de seu livro “Quarto de Despejo: Diário de Uma Favelada”, onde relatou o dia a dia na favela onde morava.
Na publicação de seu livro, vendeu dez mil exemplares que se esgotaram em uma semana. Ricardo Alexino, professor da Universidade de São Paulo, disse que a escrita da autora era “direta, nua e crua, mas, ao mesmo tempo, suave”.
Um ano depois, em 1961, Carolina gravou suas composições e o álbum foi intitulado "Quarto de Despejo: Carolina Maria de Jesus” contendo doze músicas escritas e cantadas por ela.
Escrevo a miséria e a vida infausta dos favelados. Eu era revoltada, não acreditava em ninguém. Odiava os políticos e os patrões, porque o meu sonho era escrever e o pobre não pode ter ideal nobre. Eu sabia que ia angariar inimigos, porque ninguém está habituado a esse tipo de literatura. Seja o que Deus quiser. Eu escrevi a realidade.
— Carolina Maria de Jesus.
Após o sucesso de seu livro, publicou outras obras como “Pedaços de Fome” e “Provérbios”, acumulou dinheiro para se mudar para Zona Sul de São Paulo, sendo moradora de uma casa perto de uma estrada de terra.
Os pagamentos por direitos autorais eram pequenos e não eram suficientes para que Carolina saísse da linha da pobreza.
Robert Levine dizia que a família de Carolina vivia melhor que na favela, porém num nível abaixo do esperado, devido ao sucesso de seus livros que estavam vendendo no mundo todo.
Falecimento e legado
Aos 62 anos, morreu em seu quarto devido à insuficiência respiratória em consequência do agravamento da asma, doença que a autora tinha desde seu nascimento.
Ao todo, Carolina soma mais de obras lançadas em vida e póstumas. Sendo elas, “Pedaços de Fome”, lançado em 1963; “Provérbios”, lançado em 1965 “Diário de Bitita”, tendo seu lançamento póstumo em 1986 e “Clíris: Poemas Recolhidos”, lançado póstumo em 2019.
Segundo informações do site do Governo Federal Brasileiro, o Ministério da Cultura está com planos para lançar, ainda neste ano, o Prêmio “Carolina Maria de Jesus de Literatura Produzida por Mulheres”, sendo destinados R$ 2 milhões para o lançamento de 40 livros inéditos e cada autora receberá R$50 mil.
Na ocasião, a ministra da Cultura disse que as mulheres estão ávidas por trabalho, mas principalmente por respeito e oportunidades.
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