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  • Foto do escritorHellica Miranda

Conflitos em Israel envolvem questões como opressão, colonização e extermínio

Últimas atualizações do conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas vêm com contextualização histórica.



Na última terça-feira (10), o chefe da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk se posicionou a favor de que todas as partes envolvidas no conflito no Oriente Médio devem parar o ataque a civis, solicitando que o Hamas e outros grupos armados libertem seus reféns em segurança.


Para ele, civis não devem ser usados como moedas de troca, e manifestou sua preocupação com os assassinatos em massa e execuções de reféns por grupos armados palestinos.


Contexto: o que é e o que quer o Hamas?


É importante lembrar que, apesar de haver um conflito histórico entre Israel e Palestina, a guerra iniciada no último fim de semana não é diretamente entre os dois países, e sim entre Israel e o grupo armado Hamas, que é palestino, responsável por comandar a Faixa de Gaza, e que não reconhece Israel como um Estado: o grupo islâmico sunita defende que Israel é uma potência colonizadora, e manifesta que seu objetivo é libertar os territórios palestinos de Israel, que, desde sua oficialização como Estado, em 1948, passou a englobar diversos territórios na região.



Em 2021, o Jornal do Campus, da USP, publicou o artigo "Questão Israel-Palestina: 73 anos de limpeza étnica", em que explorava a questão dos então recentes bombardeios na faixa de Gaza sob a perpesctiva de que não se pode comparar Israel e o Hamas como potências: "É uma perspectiva que parte do pressuposto de que é um confronto entre duas partes igualmente poderosas, que possuem os mesmos recursos ou que estão em posição de igualdade. Mas, quando estudamos a história desse ‘conflito’, o que vemos é que se trata de um conflito de ordem colonial", declarou Isabela Agostinelli dos Santos, doutoranda em Relações Internacionais no Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (UNESP, UNICAMP, PUC-SP) e pesquisadora do Grupo de Estudos sobre Conflitos Internacionais da PUC-SP.


Para a pesquisadora, como citado no artigo original, a questão não deve ser lida como um confronto ou guerra, e sim um processo histórico de limpeza étnica feita por Israel na região da Palestina. Daí, um "projeto sionista" de "expulsão dos palestinos nativos de suas terras para sua substituição – ou, em alguns casos, assimilação – pelos colonos israelenses".


No mesmo artigo, o historiador israelense Ilan Pappé descreve o sionismo como uma ideologia que busca estabelecer um Estado judaico exclusivo na região palestina, à custa da população palestina.


A guerra, portanto, seria, sobretudo, étnica. O avanço de Israel sobre a região, estendendo seu território e "passando por cima" dos povos que ali já viviam. Esse avanço, é claro, não se deu de forma pacífica (veja aqui sobre outros conflitos envolvendo a formação de Israel).


Então, de forma resumida, o que é e o que quer o Hamas? O Hamas é um grupo político armado de resistência palestino — não classificado pela ONU como terrorista, pelo menos ainda — que exige a retirada de forças armadas de Israel de territórios palestinos e a extinção do Estado de Israel, que é considerado por eles como uma "entidade sionista".


Israel x Hamas, quem está certo?


No artigo aqui já citado, escrito por Amanda Mazzei e Bruna Irala, a antropóloga Francirosy Campos Barbosa defende que acontece um uso de necropolítica (política que escolhe quem deve viver e quem deve morrer) na Palestina pelo Estado de Israel: "Basta ver o número de mortos no último enfrentamento, em maio de 2021, entre forças completamente desiguais. Mais de 250 palestinos mortos e 12 israelenses".


Em 2023, a situação parece ter mudado um pouco, com a ação do Hamas pegando as forças de segurança israelenses de surpresa com o ataque no último fim de semana, configurando o maior ataque em 50 anos. No entanto, ainda que não se saiba a quantidade exata de membros no grupo envolvidos nos ataques, é de se imaginar que, nem de longe, se compare à força bélica e outras vantagens de Israel.


Nesta quarta (11), de acordo com ambos os lados (Israel e o Hamas), 2.255 pessoas morreram. De acordo com levantamento da CNN, há pelo menos 10 latino-americanos mortos e 25 desaparecidos. Entre os desaparecidos, a brasileira Karla Stelzer, de 41 anos.


211 brasileiros que estavam em Israel chegaram ao Brasil na madrugada, com o primeiro avião enviado pela FAB. Outros voos ser enviados para repatriar brasileiros nos próximos dias.


Créditos de imagem: Agência Brasil

Na ação interministerial, denominada Operação Voltando em Paz, estão previstos mais quatro voos, com partidas diárias de Tel Aviv até sábado (14/10):


  • Quarta-feira (11/10): avião com até 210 passageiros. Voo sem escalas, com previsão de pouso às 23h do mesmo dia no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro;

  • Quinta-feira (12/10): avião com até 60 passageiros. Escalas em Lisboa (Portugal), Ilha do Sal (Cabo Verde) e Recife, com pouso previsto às 11h de sexta-feira (13/10) no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo;

  • Sexta-feira (13/10): avião com até 210 passageiros. Voo sem escalas com pouso previsto às 23h do mesmo dia no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.

  • Sábado (14/10): avião com até 210 passageiros. Voo sem escalas, com pouso previsto às 23h do mesmo dia no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.


Na manhã de hoje, o presidente Lula pediu à ONU uma intervenção humanitária internacional urgente:


É urgente uma intervenção humanitária internacional. É preciso que o Hamas liberte as crianças israelenses que foram sequestradas de suas famílias. É preciso que Israel cesse o bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito.

Com civis em perigo de ambos os lados, como em toda guerra, nenhum dos lados está certo. Há um longo histórico de relações conflituosas ligadas não somente à política, mas à religião, cultura e pertencimento.



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