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  • Foto do escritorLuís Gustavo Camargo

Dia Mundial de Combate à AIDS: prevenção aliada à informação

O Ministério da Saúde relata que mais de 1 milhão de pessoas vivem com a doença atualmente no Brasil.



Comemorado no dia 1º de dezembro, a data tem a função de alertar a sociedade sobre a doença e conscientizar a população sobre seus riscos. Anualmente, agências da ONU e governos se unem para realizar campanhas relacionadas ao tema. A fita vermelha simboliza apoio e solidariedade às pessoas que vivem com a doença, remetendo ao sangue e à paixão.


Os primeiros casos de AIDS registrados ocorreram em 1977 nos Estados Unidos, Haiti e África Central. No entanto, somente em 1982 o vírus foi classificado como síndrome, e as formas de transmissão começaram a ser compreendidas. No Brasil, o primeiro caso foi registrado em São Paulo em 1980.


Em 1985, o agente causador da doença foi denominado Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), surgindo o primeiro teste diagnóstico baseado na detecção de anticorpos contra o vírus. Devido à falta de conhecimento, a doença foi chamada de "Doença dos 5H", categorizando homossexuais, hemofílicos, haitianos, prostitutas (hookers em inglês) e heroinômanos (usuários de heroína). A doença também foi chamada de "peste gay" e retratada em jornais.



Em 1993, o Brasil começou a produção de um coquetel de medicamentos para o tratamento da Aids e três anos depois, como forma de melhorar a qualidade de vida dos infectados, foi criada uma lei para distribuição gratuita do medicamento. Em 1999, o país tinha 15 medicamentos diferentes para o tratamento da AIDS.




Sociedade Viva Cazuza



Após a morte devido à AIDS do cantor Cazuza em julho de 1990, seus pais criaram em outubro do mesmo ano a “Sociedade Viva Cazuza” para dar apoio a pacientes com AIDS/HIV e também abrigar crianças soropositivas. Nos dois primeiros anos de funcionamento, a instituição tinha parceria com o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, conseguindo aumentar o número de leitos, fornecimento de remédios, exames e cestas básicas para os soropositivos que eram ajudados por eles. A instituição também atendeu pacientes adultos, que em sua maioria eram analfabetos e foram cadastrados para receber cestas básicas e apoio no tratamento.


Durante o ano de 2020, durante a pandemia de COVID-19, a mãe declarou o encerramento das atividades do instituto. "Estamos realmente encerrando nossas atividades até o fim do ano, infelizmente. Motivos pessoais: falta de foco na AIDS, crianças não nascem mais com HIV como antigamente e, principalmente, minha idade avançada", explicou Lucinha.


PEP e PREP



A Profilaxia Pós-Exposição, conhecida como PEP, refere-se ao uso de medicamentos antirretrovirais após possível contato com o HIV, como em situações de relação sexual sem proteção, violência sexual e até mesmo acidentes com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico. Para que o tratamento seja eficaz, deve-se iniciar logo após a exposição, preferencialmente nas duas primeiras horas ou em até 72 horas. O medicamento deve ser tomado por 28 dias e pode ser adquirido em unidades de saúde.


A Profilaxia Pré-Exposição ao HIV, conhecida como PrEP, refere-se ao uso de medicamentos antirretrovirais antes da exposição ao HIV, reduzindo as chances de uma pessoa se infectar com o vírus. Os públicos prioritários da PrEP são gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), pessoas trans, trabalhadores/as do sexo e parcerias sorodiferentes (uma parceria sexual onde uma pessoa está infectada pelo HIV e a outra não).


Estatísticas brasileiras


Segundo informações divulgadas pelo Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde em 2022, foram registrados mais de 16,7 mil casos da infecção. O Ministério da Saúde relata que mais de 1 milhão de pessoas vivem com a doença atualmente no Brasil.


No Brasil, a maior concentração de casos de AIDS está entre os jovens de 25 a 39 anos, com distribuição similar, sendo 52,4% no sexo masculino e 48,4% no sexo feminino.

Em 2021, foram notificados 40,8 mil casos de HIV e outros 35,2 mil casos de AIDS no Brasil por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), de acordo com o Boletim Epidemiológico de HIV/AIDS do ano passado.


O Ministério da Saúde também destaca que quem vive com o HIV não evolui necessariamente para a AIDS. Existem pessoas que podem viver anos com o vírus no organismo sem apresentar sintomas e manifestações da doença.


Há também o tratamento antirretroviral, que impede que o vírus se espalhe em nosso organismo, permitindo que pessoas que vivem com HIV levem uma vida com condição semelhante à de quem não vive com o vírus.


No gráfico abaixo, podemos obter mais informações sobre as estatísticas no país.



Segundo informações do Boletim Epidemiológico divulgado pela Prefeitura de São Paulo na última quarta-feira (29), houve uma redução no número de novos casos de infecção por HIV pelo sexto ano consecutivo. No ano passado, foram registrados 2.066 casos, 45% a menos do que os 3.761 contabilizados em 2016.


A maior queda ocorreu na população com idade entre 15 e 29 anos. Em 2016, foram registrados 1.917 novos casos, enquanto em 2022 foram 971. Essa redução foi possível devido ao aumento do acesso aos serviços especializados em ISTs/AIDS, assim como à profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP), uma estratégia de prevenção ao HIV que impede a infecção mesmo após exposição ao vírus.



Também podemos observar uma melhora em relação às notificações da AIDS sendo o sétimo ano de declínio na cidade de São Paulo. Foram registrados 2408 casos em 2016 e em 2022, 1339 casos.



A Prefeitura de São Paulo disponibiliza em seu site os lugares onde a população consegue realizar o tratamento da PREP.


Indetectável = Intransmissível


Quem está vivendo com o HIV/AIDS com uma carga viral indetectável há pelo menos seis meses e uma boa adesão ao tratamento tem um risco insignificante de transmitir o vírus por via sexual.


Segundo informações do Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS, estudos com resultados conclusivos apontam que Infecções sexualmente transmissíveis (IST) e possíveis pequenos aumentos transitórios na carga viral (conhecidos clinicamente como “blips”) não influenciam a transmissibilidade nestes casos.




Entrevista


Em entrevista à De Mulher Para o Mundo, a biomédica Maria Victória Pinheiro esclareceu algumas dúvidas sobre o assunto.


DMPM: Qual a diferença entre HIV e AIDS?

Maria Victória Pinheiro: O HIV é um vírus causador da AIDS e, com o tratamento adequado, ele pode não se desenvolver. Já a AIDS é o nome dado causado pelo vírus que enfraquece o sistema imunológico e favorece o desenvolvimento de doenças oportunistas.


DMPM: Qual o procedimento quando uma mulher grávida contrai o HIV? O vírus passa para o bebê?

Maria Victória Pinheiro: Para identificar a presença do HIV na gestação, são realizados testes rápidos de HIV ou testes sorológicos ANTI-HIV. O tratamento não é diferente do tratamento comum para a infecção, pois ele é feito através do medicamento antirretroviral com o uso de medicamentos para controlar a carga viral do HIV para o impedimento da transmissão vertical.

Esse tratamento deve ser realizado durante toda a gestação e se necessário, também no momento do parto. O bebê também terá que ser tratado com medicamentos antirretrovirais na forma de xarope e deve receber a medicação logo após o parto e ser acompanhado de perto pelo serviço de saúde para garantir seu bem estar.

Entre o primeiro e o sexto mês de vida, deve ser realizada a testagem para verificar a presença de carga viral. Quando o bebê completar 1 ano e tiver apresentado teste negativos para a presença de HIV nos primeiros meses de vida, ele é considerado fora de risco e plenamente saudável.


DMPM: Quais são os sintomas do HIV? Como se transmite HIV?

Maria Victória Pinheiro: Os principais sintomas na primeira e segunda semana após a infecção são: febre, dor de cabeça, mal-estar, erupção cutânea e inchaço dos gânglios linfáticos.

A transmissão do HIV se obtém através de atos de sexo anal ou vaginal ou compartilhando agulhas, seringas e outros equipamentos de injeção de drogas com uma pessoa infectada pelo HIV.


DMPM: Como é o tratamento para HIV? Onde buscar tratamento?

Maria Victória Pinheiro: O tratamento para HIV é feito com medicamentos antirretrovirais, como a Lamivudina, Tenofovir, Ritonavir entre outros. Esses medicamentos agem em diferentes etapas da entrada do vírus na célula e sua multiplicação. Por isso, o médico normalmente indica uma combinação de medicamentos que podem variar de acordo com a carga viral. É sempre importante realizar o tratamento de acordo com as orientações do médico.


DMPM: O que é PREP e PEP? Como funcionam?

Maria Victória Pinheiro: PEP é uma forma de prevenção do HIV semelhante ao PREP porém com a diferença de ser indicada após o paciente ter sido potencialmente exposto ao vírus. Como nos casos de estupro, rompimento da camisinha durante a relação com alguém sabidamente soropositivo, usuários de drogas que compartilham agulhas ou profissionais de saúde que se acidentaram com agulhas ou material biológico potencialmente contaminado.

O PEP também é feito com a administração de medicamentos antirretrovirais, que devem ser indicados o mais rápido possível, de preferência nas duas primeiras horas após a exposição ao vírus e no máximo em 72 horas. No período de 28 dias o paciente deve ser acompanhado pela equipe de saúde e depois de 90 dias refazer os exames.



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