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Foto do escritorHellica Miranda

É assim que acaba: por que a violência doméstica muitas vezes é cíclica?

Livro adaptado para as telas fala sobre violência doméstica, mas só toca a ponta do iceberg



Em 2016, a famosa escritora Colleen Hoover lançou o polêmico livro “É assim que acaba”, um de seus maiores sucessos até o dia de hoje.


Na trama, a sonhadora e romântica jovem Lily Bloom conhece o metódico e sedutor cirurgião Ryle Kincaid. Por trás do encontro dos dois, muitos problemas advindos do passado.


Lily e Ryle, apesar de muito diferentes, se envolvem em um relacionamento regido pela paixão, e logo estão casados.



É aí que, sem surpresas (já que a premissa do livro é essa), Lily passa a ser vítima de violência doméstica por parte do rigoroso e ciumento Ryle.


O livro de Colleen Hoover foi adaptado para as telonas no ano passado (também envolvido por polêmicas), chegando a novos públicos e ilustrando — sem muita densidade ou responsabilidade — as violências sofridas por Lily em seu relacionamento.


Lily, assim como muitas mulheres vítimas de violência doméstica, vem de um lar disfuncional, onde sua mãe também passava por situações de abuso. Trata-se do famigerado ciclo do abuso.


Tomando como cenário o Brasil, uma pesquisa de 2023, realizada pelo DataSenado, mostra que 3 a cada 10 brasileiras já foram vítimas do mesmo tipo de violência que a fictícia Lily Bloom: a violência doméstica.



O que se observa, não somente nos primeiros momentos de Lily como vítima de violência doméstica, mas também em muitas mulheres vítimas do abuso, é a falta de denúncia. Isso se dá por diversos motivos, mas o que resume a situação é o medo.


Em paralelo a violência doméstica, está a violência psicológica, que consiste em um tipo de abuso em que o agressor manipula o emocional de suas vítimas. Esse tipo de violência, além de causar instabilidade nas vítimas, pode potencializar a ansiedade, a baixa autoestima já causada pela violência física em que a vítima já vivencia.

— declara a psicóloga Daniela Pestana.


No livro — e no filme —, Lily está apaixonada e, aparentemente, não consegue ver os primeiros sinais do relacionamento abusivo com Ryle. Isto se dá devido aos mecanismos de manipulação psicológica utilizados pelos abusadores, que sabem como contornar suspeitas e, muitas vezes, ainda saírem como vítimas.


Esse abuso psicológico pode levar a uma constante sensação de dependência do abusador. Esse é um ponto que gera um grande problema, que faz com que a vítima demore muito tempo para perceber a realidade da sua situação física e emocional e consequentemente não procure ajuda”, continua a psicóloga.


A pesquisa movida pelo DataSenado apontou que a violência psicológica é a mais recorrente (89%), seguida pela moral (77%), pela física (76%), pela patrimonial (34%) e pela sexual (25%). As mulheres com menor renda são as que mais sofrem violência física, diz o estudo. Cerca de metade das agredidas (52%) sofreram violência praticada pelo marido ou companheiro, e 15%, pelo ex-marido, ex-namorado ou ex-companheiro.


Combater a violência doméstica é um desafio complexo que exige esforços coordenados entre indivíduos, comunidades, organizações e governos. É necessário um enfoque multifacetado que combine ações preventivas, medidas de proteção às vítimas e punição adequada aos agressores. Entre as estratégias para enfrentar a questão, estão:


  1. Educação e sensibilização: campanhas de conscientização pública; educação escolar; treinamento de profissionais.

  2. Fortalecimento de leis e políticas públicas: leis específicas e rigorosas; acesso à justiça; monitoramento.

  3. Assistência às vítimas: abrigos seguros; apoio psicológico e jurídico; autonomia financeira (criar programas de capacitação e inserção no mercado de trabalho para que as vítimas não dependam economicamente de seus agressores).

  4. Intervenção direta em situações de risco: canais de denúncia acessíveis; resposta rápida; acompanhamento contínuo.

  5. Promoção da igualdade de gênero: empoderamento feminino; desconstrução de papeis tradicionais; engajamento masculino.

  6. Envolvimento comunitário

  7. Pesquisa e monitoramento



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