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  • Foto do escritorGabriela Araújo

Faltam mulheres, sobram preconceitos

Ainda que cresçam os números, a presença de mulheres no jornalismo esportivo ainda precisa melhorar. E, para isso, velhos preconceitos precisam ser deixados de lado.




Se você, assim como eu, é apaixonada por esporte, provavelmente já escutou que só gosta para ver homem bonito. Ou foi colocada contra a parede por uma manada de homens questionando a todo o momento sobre “o que é impedimento”, qual é a escalação do Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Flamengo, Grêmio... enfim. Precisamos, a todo momento, mostrar que sabemos sobre o que falamos.


Em pleno século XXI, nós, mulheres, ainda estamos caminhando a passos lentos para conseguir entrar no ambiente esportivo do jornalismo. No entanto, muitas vezes, precisamos nos “contentar” com cargos de apresentadora ou repórter a fim de comprovar nosso valor, para, aí sim, conseguir nosso espaço para emitir nossas opiniões. Mas muitas desistem no meio do caminho.


Uma transmissão de um simples amistoso entre o time feminino do Brasil X Rússia, na maior emissora do país, ainda necessita ter uma homem compondo o grupo de comentaristas para que a audiência masculina leve em consideração as opiniões emitidas, mesmo que esse comentarista apresente claro desconhecimento sobre assunto, utilizando termos incertos como “parece” e “acho” durante todo o jogo. Expressões que, ditas por uma mulher, muito provavelmente gerariam críticas à sua competência.



Ou até mesmo na Band, que busca sempre montar sua equipe de jogos femininos totalmente com mulheres, mas que precisa lidar, por qualquer que seja o motivo, com Milene Domingues comentando jogos do Corinthians, quando a mesma é embaixadora do time e está presente no cotidiano do clube. É comum durante as transmissões ela utilizar apelidos desconhecidos para o público e evitar ao máximo criticar a equipe.


Mina de Passe, programa que começou durante a Copa do Mundo Feminina de 2019, voltado para o futebol feminino, registrava a maior audiência diária da programação da ESPN Brasil. Por conta disso, depois da Copa, virou programa fixo da emissora. No entanto, meses depois, o programa desapareceu "misteriosamente" da programação.


Já provamos do que somos capazes: os dois maiores escândalos dentro do futebol brasileiro nos últimos anos, o desvio de dinheiro no Cruzeiro e a denúncia de assédio ao presidente da CBF, Rodrigo Caboclo, tiveram como principal responsável pela apuração a jornalista Gabriela Moreira, da SporTV.


A jornalista Marília Ruiz é outro exemplo: a paulista é comentarista fixa do programa Bola Rolando no BandSports e está presente diariamente às 17h emitindo suas opiniões.


A primeira mulher narradora do Grupo Globo, Renata Silveira, só foi contratada no dia 11 de março de 2021, mas ainda é escalda somente para jogos de menor expressão. No entanto, em meados do ano passado, Renata ganhou grande destaque dentro do público geral ao precisar conduzir com a maior tranquilidade possível, a transmissão de Dinamarca X Finlândia, após o atleta dinamarquês Christian Eriksen sofrer uma parada cardíaca no decorrer do jogo.


Na mesma época, assisti a uma palestra do Jornalista Esportivo da ESPN, Gustavo Hofman. Ao ser questionado sobre as mulheres dentro dos programas esportivos, Hofman foi categórico ao afirmar que os homens que não aceitam, têm medo da concorrência.


Por estarmos em um ambiente totalmente machista, buscamos nos aperfeiçoar ao máximo sobre o tema. Mas temos um pedido: por favor, contrate porque merecemos a vaga, não por marketing. De espaço, não deixe de lado, nós podemos mostrar nosso valor.

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