Luísa Sonza pode ter feito música apaixonada, mas quantas de nós não dedicamos obras e obras a um homem que não merecia?
Assim como o de Luísa, esse texto não é sobre mim. Também não é um texto sobre Luísa. Sobre Chico, muito menos. Mas é preciso, claro, evidenciar que há um toque meu e um toque de Luísa. A esta, digo apenas isso: eu também, Luísa. Também sou "dessas mulheres de se apaixonar". Que contranatural se não fosse. Sou artista. Luísa também. Luísa é humana. Eu também.
E é assim que nos apaixonamos. Sendo humanas. "Mulheres que amam demais"; "emocionadas". Sinceramente, ligo tão pouco para esses rótulos que chegam a me traduzir a mais nula mensagem. Acredito que para Luísa também.
Agora, no terceiro parágrafo, eu te explico melhor de que se trata esse texto. É sobre amar — e também sobre isso aqui:
É insuportável que a traição, a quebra de combinado, respeito, confiança, zelo, cuidado, continue sendo normalizada.
— Luísa Sonza
Traição não se resume à "pulada de cerca", ao "chifre" ou como quer que se chame no seu dia a dia. Pois é, tão normalizada que tem uma porção de nomes que amenizam a realidade para todo mundo, menos quem foi traído, claro. Traição também é olhar no olho, dizer "eu te amo", assim, todas as 7 letras (e-u t-e- a-m-o) e, semanas depois, ir embora como se não tivesse, de todas as formas possíveis, entrado na sua vida e deixado marcas. Impressões digitais na cena de um crime.
Quantas pessoas, ao longo da história, perderam suas vidas por conta de traições? Traidores do trono, traidores de Estados, traidores... Hoje, os traídos perdem, de fato, parte de suas vidas. Há algo que nos é tirado e nunca mais reposto: a confiança.
Realmente, só quem já foi traída sabe da autoestima destruída, da dúvida, a insegurança que algo assim causa. Como é doloroso culpar-se pelo erro alheio, pela falta alheia... E "falta", aqui, caro leitor, não se engane, não diz respeito a saudade. Caso você, o "querido leitor", seja aquele que me tirou a confiança, que também se estabeleça com clareza: sinto sua falta, não como saudade, mas como a dor da sua falha. Por você, já não sinto mais nada.
8 ou 80, não é? Pois é, mulheres intensas são assim. E, como não sou filósofa, cabe a mim apenas indagar: quão mutável é o "ser"? Quanto de nossa intensidade podemos — e quanto devemos — apagar?
Quem vive, sente. E quem sente demais, sofre. "Chora em rede nacional por um namoro de 2 meses". Se esgoela, se for o caso. E daí?
Mulheres Intensas demais são mais julgadas que os homens intensos, que são ora românticos, ora "apenas solteiros". A eles é permitida a intensidade. A nós, ela é mensurada, pesada na balança, julgada, ridicularizada.
Tudo bem, falemos sobre "Chico", a canção, óbvio. Uma canção apaixonada, um — aparente — pacto de amor, planos para um futuro e, é claro, um pouco de idealização, um mundo pelas lentes cor de rosa do cérebro (o coração não tem nada com isso) apaixonado.
Luísa fez a música, eu fiz o que fiz, alguém passou camisas por horas a fio, cozinhou toneladas de refeições, gestou, pariu e cuidou dos "herdeiros"... quantas mulheres são intensas demais, amam demais, e não fazem a menor ideia?
Mulheres Intensas demais tendem a se jogar de cabeça. Que perigo. Tendem a aceitar o risco, seja ele qual for. O risco da queda existe, mas há uma vista incrível... em algum lugar.
Escolher não estar mais com você não é viver o amargor ao invés do amor, como você me disse. Eu vou viver o amor. Só não vai ser com você.
— Luísa Sonza
Que não reste dúvida, então. Não existe pecado em amar demais, ser intensa demais, se permitir "ser emocionada". O erro não está em amar de mais, mas em nos deixar para trás. Nós caímos, sim. Mas aprendemos a nos levantar tão rápido quanto. 8 ou 80. Eu, Luísa, Mulheres Intensas demais, todas com a responsabilidade sobre si mesmas em dia, muito obrigada. E, para quem sente de menos, puxa vida, quanta coisa está se perdendo...
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