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  • Tainá Ferreira

Março: o mês das mulheres

O Dia Internacional das Mulheres, comemorado em 8 de março, simboliza uma luta histórica por direitos iguais. Essa data adquire contornos particulares quando observada sob a perspectiva das mulheres que habitam favelas e periferias, destacando a necessidade de abordagens interseccionais que considerem as múltiplas opressões enfrentadas por estas mulheres.


Na foto mulher negra amamenta seu filho em cima da laje em uma comunidade.
Crédito da imagem: @renato_errejota

No artigo "Mulheres de favelas e o (outro) feminismo popular" publicado na plataforma SciELO, é discutida a relevância dos saberes situados, que valorizam as narrativas e experiências vividas por mulheres de favelas como essenciais na luta contra as opressões de gênero, raça e classe. Este estudo revela que, apesar de muitas mulheres se identificarem com os valores do feminismo, existe uma percepção de exclusão dentro do movimento feminista mais amplo, especialmente por mulheres negras que frequentemente não se sentem representadas [“].


Mulher negra caminha com bebê no colo e várias sacolas
Crédito da imagem: @renato_errejota

Outro trabalho importante, "Gênero, raça e classe no Brasil: os efeitos do racismo estrutural e institucional na vida da população negra durante a pandemia da covid-19", também disponível na SciELO, aborda a interseccionalidade como uma ferramenta crítica para compreender como o racismo, o patriarcalismo e a classe social interagem, criando desigualdades estruturais que afetam desproporcionalmente as mulheres negras e de periferias. Este estudo destaca o impacto do racismo estrutural na vida dessas mulheres, exacerbado durante a pandemia da COVID-19 [“].


A dissertação "Seu feminismo cola na favela? A incidência do pensamento feminista no cotidiano de mulheres das classes trabalhadoras no bairro de Felipe Camarão, Natal RN", hospedada no Repositório Institucional da UFRN, examina como o pensamento feminista é percebido e vivenciado por mulheres da classe trabalhadora. Revela-se uma lacuna entre os avanços históricos da luta feminista e a compreensão e identificação com essas lutas por parte dessas mulheres, apontando para a necessidade de um diálogo mais inclusivo e politizado com mulheres fora dos espaços privilegiados de produção de conhecimento [“].


Mulher carrega sacola na cabeça e tem o aspecto de cansada.
Crédito da imagem: @renato_errejota

Esses estudos coletivamente iluminam as complexidades da luta feminista quando vista através das lentes da interseccionalidade, enfatizando a importância de reconhecer e valorizar as experiências específicas das mulheres negras e de periferias. Eles também destacam a urgência de um feminismo que seja verdadeiramente inclusivo e representativo das diversas realidades vividas por mulheres em todo o espectro social.


A literatura de autoras como Maria Carolina de Jesus e Conceição Evaristo, com seus personagens que espelham as vivências de mulheres em contextos de marginalização e pobreza, serve como um lembrete pungente da resiliência e resistência dessas mulheres. Suas obras fornecem uma janela para as lutas diárias enfrentadas, reforçando a necessidade de um feminismo que abrace todas as mulheres, em todas as suas complexidades e desafios.


Mulher de idade olha pela janela de sua casa.
Crédito da imagem: @renato_errejota

Em resumo, o Dia Internacional das Mulheres nas favelas e periferias ressalta uma luta contínua não apenas por igualdade de gênero, mas também contra as estruturas de opressão racial e de classe. Reconhecer e valorizar as experiências e lutas dessas mulheres é fundamental para construir um movimento feminista que seja verdadeiramente inclusivo e capaz de promover a justiça social para todas.


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