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  • Foto do escritorLuís Gustavo Camargo

Marielle Franco: vereadora completaria 44 anos na semana passada

Política e ativista foi brutalmente assassinada em 2018, no Rio de Janeiro. Caso Marielle teve desdobramentos recentes.



Vida pessoal


Nascida em 1979, Marielle Francisco da Silva foi uma política e socióloga brasileira filiada ao Partido Socialismo e Liberdade. Criada no Rio de Janeiro, no Complexo da Maré, a ativista começou a trabalhar desde cedo, quando ajudava os pais no camelô de sua família. E, aos 14 anos, foi dançarina de um grupo de funk.


Em 1998, engravidou de sua única filha, Luyara. No ano de 2002, ingressou na faculdade de Ciências Sociais e, ao finalizar, concluiu um mestrado em Administração Pública, em que defendeu a dissertação intitulada "UPP - A redução da favela a três letras: uma análise da política de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro".


Marielle, sua filha Luyara e sua companheira, Monica Benício.

Na eleição do estado do Rio de Janeiro no ano de 2006, fez parte da equipe da campanha que elegeu Marcelo Freixo, com quem trabalhou por dez anos.


Marielle Franco foi ativista política, defensora dos direitos humanos e vereadora no Rio de Janeiro. Sua vida pessoal incluiu uma trajetória marcada pelo ativismo em favor das minorias, dos direitos das mulheres, da população negra e das comunidades marginalizadas.


Vida política



Assumiu o cargo de coordenação na Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, prestando auxílio jurídico e psicológico para familiares de vítimas de homicídios ou policiais vitimados, tendo ajudado a solucionar o caso de um policial civil assassinado por um colega.


Com 46 mil votos, foi eleita, em 2016, vereadora no Rio de Janeiro, sendo a segunda mulher mais votada no cargo de vereadora em todo o país, e presidindo a Comissão de Defesa da Mulher, com o objetivo de monitorar a intervenção federal em seu estado, criticando frequentemente violações nos direitos humanos e abusos da polícia. Além disso, suas propostas garantiam o apoio do direito das mulheres, apoio à causa LGBTQIA+, negros e o aumento das mulheres no âmbito político.

(…) O embate para quem vem da favela, nós somos violadas e violentadas há muito tempo e muitos momentos. Nesse período, por exemplo, onde a intervenção federal se concretiza na intervenção militar, eu quero saber como ficam as mães e familiares das crianças revistadas. Como ficam as médicas que não podem trabalhar nos postos de saúde. Como ficam as mulheres que não têm acesso à cidade? Essas mulheres são muitas. São mulheres negras; mulheres lésbicas; mulheres trans; mulheres camponesas; mulheres que constroem essa cidade, onde diversos relatórios – queiram os senhores ou não- apresentam a centralidade e a força dessas mulheres, mas apresentam também os números que o (The) Intercept publicou do dossiê de lesbocídio que, no ano de 2017, houve uma lésbica assassinada por semana (…)

— Último pronunciamento de Marielle Franco, em Sessão Plenária, no dia 8 de março de 2018.


Caso Marielle Franco e Anderson Gomes


Marielle e Anderson.

Na noite de 14 de março de 2018, ao voltar de uma palestra na região do bairro Estácio, no Rio de Janeiro, treze disparos de uma metralhadora 9mm atingiram o carro em que Marielle estava. Anderson Pedro Gomes, motorista do veículo, foi atingido por tiros nas costas e também faleceu.


De acordo com imagens divulgadas pela Polícia sobre o caso, um Cobalt com placa de Nova Iguaçu, município da Baixada Fluminense, estava parado próximo ao local. Por volta das 21h, Marielle deixou a Casa das Pretas com uma assessora e um motorista, sendo logo seguida por um carro do mesmo modelo que estava parado próximo ao local. Por volta das 21h30, na Rua Joaquim Paralhes, no Estácio, um veículo ficou lado a lado com o carro de Marielle e fez treze disparos.


Apontado como o autor dos disparos, o sargento aposentado Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio Queiroz, apontado como o motorista do carro em que os disparos foram dados, foram presos um ano após o crime.


Ronnie Lessa.

Lessa está preso há quatro anos em presídio de segurança máxima pelas mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes. Ele também teve prisão decretada pelo crime de lavagem de dinheiro.


Segundo as investigações, o crime estava sendo planejado com quatro meses de antecedência e de maneira meticulosa. Essa descoberta ocorreu ainda em março de 2019, quando houve a prisão, a partir de uma ação conjunta de quebra de sigilo na internet do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Já em outubro de 2019, Josinaldo Lucas Freitas também foi preso, acusado de ocultar as armas utilizadas no assassinato.


Segundo informações disponibilizadas pelo HumanRights Watch, o assassinato da ativista relacionou-se à "impunidade existente no Rio de Janeiro" e ao "sistema de segurança falido" do estado.


Em 28 de julho de 2021, o miliciano Almir Rogério Gomes da Silva foi preso, acusado de ser o mandante do assassinato de Marielle, de acordo com o depoimento de Júlia Lotufo, a viúva de Adriano da Nóbrega.


Atualizações sobre o caso


Possível envolvimento de Jair Bolsonaro



Em março de 2019, o ex-presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro deu uma declaração a Fox News, em que dizia: "Sou ex-capitão do Exército brasileiro e muitos policiais militares do Rio de Janeiro são bons amigos meus. Por coincidência um desses supostos assassinos de Marielle morava do lado oposto da minha rua".


O site Brasil de Fato divulgou um infográfico que mostra a relação da família Bolsonaro com milicianos envolvidos no caso, também citando o namoro de filha de acusado do assassinato com Jair Renan Bolsonaro, o fato de Flávio ter empregado mãe e esposa de miliciano, a homenagem de Flávio e amizade com Queiroz e um dos acusados do assassinato de Marielle ser vizinho do ex-presidente.


Créditos de imagem: Brasil de Fato.

Em entrevista exclusiva à revista Veja, em 2022, Carlos Lessa afirmou que Bolsonaro concedeu atendimento prioritário na Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR), no Rio de Janeiro, para se recuperar da perda de parte da perna esquerda, causada por uma explosão de um bomba no carro dele.


"É um cara esquisito. Se vi cinco vezes na vida, foi muito. Um dia cumprimenta, outro não, e mesmo assim só com a mãozinha. E nunca vi os filhos dele", declarou.


Delação premiada do ex-PM Élcio de Queiroz


Élcio de Queiroz.

Em atualização divulgada pela Polícia Federal a respeito do caso e mostrada em reportagem no programa Fantástico, da Rede Globo, novos nomes foram descobertos no caso Marielle Franco, em que o ex-PM confirma que Ronnie Lessa foi autor dos disparos.


A Polícia Federal ainda disse que Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle, havia pesquisado o endereço e o CPF da vereadora 2 dias antes do crime, em 12 de março de 2018. O objetivo era encontrar uma oportunidade para que o crime fosse cometido. A arma utilizada, uma submetralhadora, teria sido extraviada do batalhão de operações especiais, o BOPE, depois de um incêndio.


Queiroz também detalhou a dinâmica do crime, dizendo que foi chamado por Ronnie por meio de um aplicativo de mensagens e conduziu o veículo até a Casa das Pretas, onde Marielle participava de uma roda de conversa e observaram a movimentação da vereadora.


"Já tínhamos bebido bastante, aí em tom de desabafo ele comentou comigo que estava chateado, que ele estava num trabalho já algum tempo e teve a oportunidade de um alvo que seria uma mulher.", disse Ronnie, em tom de desabafo na virada do ano de 2017 para 2018.

"Ele estava com esse trabalho, ele, o Suel e o Macalé (Edmilson de Oliveira, ex-policial militar)". Élcio diz que foi Edmilson quem recebeu a encomenda da execução de Marielle, sendo, depois, assassinado em 2021.


"Nós estacionamos. Ele começou a arriar o banco. Deixou totalmente na horizontal pra passar pra trás. Eu olho para o retrovisor, ele já estava colocando o casaco, tipo que se equipando. Daqui a pouco ele tira a metralhadora; no caso a arma do crime; coloca o silenciador. Na hora do momento que ela saiu, ele falou: “é ela.” Aí ela deu a volta. Só que ela fala com uma pessoa. Aí eu falei: 'e agora, e essa senhora? 'Achei que ia abortar a missão. Ele falou: 'fica tranquilo que não vai pegar nela não.", diz Élcio.


Na confissão de Élcio de Queiroz, ele diz que Maxwell Simões foi responsável por conseguir o carro usado no crime. Após a declaração, ele foi preso e a Polícia segue nas buscas por outros envolvidos. "Eu fiquei muito chocada de ver a frieza dele falar, né? De contar a construção, do passo a passo de um crime", disse Anielle Franco, irmã de Marielle, ao Fantástico. "Eu espero de verdade que a gente consiga vir a descobrir quem mandou matar Mari e por quê. E que a gente não espere mais 5 anos".


Na segunda-feira, 24 de julho, Flávio Dino fez uma afirmação de que a delação premiada feita por Élcio de Queiroz encerraria a apuração sobre a execução das vítimas, porém as investigações continuarão para chegar aos possíveis mandantes do crime.


Marielle, O Documentário



Estreou em 2020, na plataforma Globoplay, uma série documental de 6 episódios, que conta a história de Marielle, seu assassinato e os desdobramentos do caso até seu lançamento.


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