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  • Foto do escritorNatália Aguilar

Movimento Maio Furta-cor e Saúde Mental Materna

Além de celebrar o Dia das Mães, maio é o mês de conscientização sobre os cuidados com a saúde mental materna.



​O mês de maio, além de comemorar o mês das mães, é um mês em que voltamos nossos esforços para lembrarmos às pessoas a importância dos cuidados à saúde mental materna. Esse movimento leva o nome de Maio Furta-cor. Acontece por todo o mês de maio e, neste ano de 2023, o dia "D" da mobilização aconteceu no último dia 06/05/2023, com diversas ações mundiais voltadas para esta temática.


​Trata-se de uma campanha "comunitária sem fins lucrativos, democrática e apartidária que visa sensibilizar a população para a causa da saúde mental materna". (MAIO FURTA-COR, 2023).



Seus objetivos são:


• Sensibilizar a população para a causa da saúde mental materna;

• Promover ações de conscientização em saúde mental materna baseadas em evidências científicas;

• Estimular a construção de políticas públicas de saúde através de projetos de lei instituam o Maio Furta-cor como estratégia de política pública de saúde para mulheres-mães.

 

Este movimento acontece devido a muitos estigmas que giram em torno da saúde mental materna e pelo fato de existir um alarmante crescimento nos casos de depressão, ansiedade e, menos recorrente, mas muito importante, o suicídio entre mães. Atualmente, há poucas ações de políticas públicas que contemplem as demandas corriqueiras da maternidade real, que não condiz com a maternidade vendida pela mídia nos comerciais de fraldas e fórmulas infantis.


Para elucidar a necessidade do movimento, é importante que possamos abordar as mudanças biopsicossociais que a mulher passa para ter um filho. O período perinatal (período que gira em torno do nascimento), em especial o da maternidade, é um período no qual há ganhos e perdas e que podem influenciar no contexto de saúde emocional.


Na esfera biológica, o corpo da mulher se modifica na gravidez. Além disso, pode ser um período de extremos desconfortos devido aos sintomas indesejados pela mudança hormonal e nem toda gestante se sentirá bem no corpo grávido. No pós-parto, os seios crescem, a barriga fica flácida e o corpo não é mais como era antes.



Na esfera psicológica, podemos pensar nas mudanças ocorridas na vida em detrimento da gestação e os sentimentos ambivalentes que podem surgir nessa fase, tais como questionamentos sobre ser uma boa mãe, a espera pelo instinto materno, a tensão de lidar com a gravidez quando algo não caminha como o esperado etc. Já no período do puerpério, a mulher terá de lidar com o instinto materno que não chegou (pois ele não chega mesmo, já que somos seres de relação e aprendemos nela), com a falta da liberdade e com a abdicação da sua própria vida para cuidar de seu filho.


E, na esfera social, há uma mudança de lugar na qual essa mulher, com o nascimento do filho, deixa de ser filha para ser mãe. Na gestação, ela era cuidada, pois mãe e bebê habitavam um mesmo corpo. Com o nascimento, há uma grande ruptura aos cuidados direcionados à mulher, pois eles acabam indo todos para o bebê que acaba de nascer. No entanto, esquece-se que também lidamos com uma mãe recém-nascida e que ainda não sabe ser mãe para trocar de papel de maneira abrupta.


Créditos de imagem: Maio Furta-cor

Assim, com todas essas mudanças e com a falta de conhecimento que existe na temática, nos deparamos com muitas mães estressadas, angustiadas e depressivas, levando, frequentemente, uma vida insana, tendo que dar conta do filho, da casa, da família, do trabalho e dos cuidados de todos... menos o dela.


Atualmente, as pesquisas nos mostram que 1 em cada 4 mulheres sofrem de depressão pós-parto. Esse número pode ser ainda maior, se considerarmos que existem mulheres que nem se dão conta de que algo não vai bem em sua gestação e puerpério, pois ela foi ensinada que precisa dar conta de tudo e só toca o barco da maternidade a um altíssimo preço que é o seu adoecimento mental.


O movimento Maio Furta-cor é, então, de extrema importância para que possamos levar esse conhecimento referente a todas as transformações sofridas pela mulher, no intuito de prevenir o adoecimento mental, mudando-se a forma de nascer, como nos traz Michel Odent; e também fortalecer a rede de apoio dessa mulher que acabara de se tornar mãe, confirmando o provérbio africano que nos diz que é preciso uma aldeia para se criar um filho.


O movimento é um convite a olharmos para a díade mãe e bebê, pois prevenindo o adoecimento mental, é possível termos uma mãe mais presente e conectada com seu filho, o que trará impactos positivamente importantes em seu desenvolvimento.


Como apoiar o movimento


A atriz Larissa Maciel | Créditos de imagem: Maio Furta-cor


De acordo com o próprio site do Maio Furta-cor, "Pessoas, instituições, empresas, podem participar e apoiar a campanha! Como? Promovendo palestras, rodas de conversa, caminhadas, viabilizando ações materialmente e financeiramente, compartilhando conteúdos nas redes sociais, engajando-se em ações gratuitas". O projeto também conta com uma loja virtual.


O manifesto do movimento pode ser lido na íntegra aqui.


Artistas como as atrizes Larissa Maciel, Barbara Reis, Carol Castro, Sthefany Brito e Giselle Itié já demonstraram apoio à causa, que conta com mais de 285 mulheres espalhadas pelo Brasil e em mais de 17 países.


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