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  • Foto do escritorHellica Miranda

Mulher de 72 anos é submetida a quase 100 estupros na França

Gisèle Pelico foi dopada pelo marido por décadas para que outros homens cometessem estupros.



Na última segunda-feira (2), a França iniciou o julgamento de um homem acusado de drogar sua esposa por uma década, permitindo que outros homens a estuprassem. O caso, que envolve mais de 50 réus, causou grande comoção no país e recebeu atenção internacional.


O julgamento acontece em Avignon, no sul da França. "A vergonha precisa mudar de lado", declarou Stéphane Babonneau, advogado da vítima, ao se opor ao pedido do Ministério Público e de parte da defesa para que as sessões ocorressem a portas fechadas.


A vítima, de 72 anos, que está em processo de divórcio, compareceu ao tribunal acompanhada de seus advogados e três filhos. A primeira audiência marcou o início de um processo que deve se estender até depois de 20 de dezembro.


Nesta quinta-feira (5), a vítima, Gisèle Pelico, de 71 anos, testemunhou que sua vida foi salva pela polícia. Pelico, que foi dopada e violentada quase cem vezes por diferentes homens ao longo de dez anos, participou da quarta audiência do julgamento.


O caso veio à tona após a prisão de Dominique Pelicot, ex-marido de Gisèle, em 2020. Ele foi detido em um shopping ao ser flagrado filmando por baixo das saias de mulheres. Durante a investigação, a polícia encontrou em seus computadores cerca de 4.000 fotos e vídeos de sua esposa desacordada, sendo abusada por dezenas de homens.


"Meu mundo desmoronou", relatou Gisèle sobre o momento em que viu as imagens pela primeira vez, em 2 de novembro de 2020. "A polícia salvou a minha vida", disse, acrescentando que foi "sacrificada no altar do vício".


Descrevendo as cenas como "bárbaras", Gisèle afirmou que aparecia inerte enquanto era estuprada. "Me trataram como uma boneca de pano. Não sei como aguentei", desabafou diante dos cinco magistrados.


As investigações revelaram 92 estupros ocorridos desde 2011, quando o casal vivia na região de Paris. Os crimes se intensificaram a partir de 2013, após a mudança para Mazan, e continuaram até 2020. O marido fazia com que a vítima ingerisse ansiolíticos antes dos ataques, e os homens, que ele encontrava em um site de relacionamento, eram instruídos a não despertá-la.


Entre os 51 réus, com idades entre 26 e 74 anos, está Dominique Pelicot, que pode ser condenado a até 20 anos de prisão. Em muitos dos casos, os agressores não usaram preservativos.


“Por um golpe de sorte extraordinário, a vítima não contraiu HIV, sífilis ou hepatite”, afirmou a médica Anne Martinat Sainte-Beuve, que informou, no entanto, que Gisèle contraiu ao menos quatro infecções sexualmente transmissíveis.


Alguns dos acusados alegaram desconhecer que a mulher estava sob o efeito de drogas, acreditando estar participando de fantasias consensuais do casal. No entanto, Gisèle foi categórica ao afirmar que nunca houve consentimento: "Nunca pratiquei troca de parceiros. Quero deixar isso bem claro. Nunca fui cúmplice nem fingi que estava dormindo".


Entre os agressores, Gisèle reconheceu apenas dois, incluindo o ex-marido. Um deles era um conhecido da família, que frequentava a casa para conversar sobre ciclismo. “Às vezes o encontrava na padaria e o cumprimentava, sem saber que ele havia me estuprado", revelou.


O julgamento está previsto para durar até pelo menos 20 de dezembro. O depoimento de Dominique Pelicot deve ocorrer na próxima semana. Segundo sua advogada, Béatrice Zavarro, ele chegou a desmaiar durante uma pausa na audiência. "Ele está envergonhado pelo que fez. É imperdoável", declarou ela.


Em um forte pronunciamento, Gisèle afirmou: "Falo por todas as mulheres que estão sendo drogadas sem saber, em nome daquelas que talvez nunca descubram, para que mais mulheres não tenham que sofrer essa submissão química". Inicialmente, sua família havia solicitado que seu sobrenome fosse mantido em sigilo, mas os advogados autorizaram sua divulgação, pois seus filhos, mais do que nunca, "estão orgulhosos de sua mãe".

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