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  • Foto do escritorDe Mulher Para o Mundo

Mais que uma Bonequinha: Audrey Hepburn

A atriz conhecida por 'Bonequinha de Luxo', eleita a queridinha do mundo, faria 93 anos hoje.



A vida da bonequinha de luxo em guerra


Nascida Audrey Kathleen Ruston, filha de um cônsul honorário britânico e de uma nobre holandesa com herança no ramo petrolífero, a atriz, conhecida por seu papel de "bonequinha de luxo" no filme 'Breakfast at Tiffany's', teve uma infância abastada em Bruxelas e, como resultado das inúmeras viagens com os pais, Audrey falava fluentemente cinco idiomas: neerlandês, inglês, francês, espanhol, italiano e alemão.


Com apenas 5 anos, seu pai, Joseph, deixou a família para viver ao lado de uma causa que já apoiava há algum tempo: a União Britânica de Fascistas. Mais tarde, a atriz declarou que essa partida foi o evento mais traumático de sua vida.


Educada em escolas privadas, frequentou conservatórios e começou a aprender balé, chegando a tornar-se uma "aluna estrela" antes de que a Segunda Guerra Mundial tivesse impactos em sua vida e precisasse mudar de nome: virou, então, Edda van Heemstra, para proteger-se da sonoridade inglesa que era ameaça durante a ocupação alemã.


Audrey viu seu tio executado por um pelotão de fuzilamento em retaliação a uma explosão de um trem alemão, destruído pela Resistência, e seus dois irmãos partirem: um, convocado pelos nazistas para trabalhar 14 horas por dia em uma fábrica, o outro, foragido para evitar o mesmo destino. A família só se reuniu em 1945.


Nós vimos jovens sendo colocados contra a parede e sendo baleados. Eles fecharam a rua e depois a abriram, e você podia passar de novo... Não deduza nada que tenha ouvido ou lido sobre os nazistas. É pior do que pode imaginar.

O que vive depois da guerra



Audrey se mudou para Amsterdã em 1945, tendo em mente a proeminência cultural do local e o potencial abrigo para refugiados. Foi lá que retomou as aulas de balé, e apresentou-se em diversos espetáculos até ganhar um papel em um filme de 1948, como uma aeromoça em uma produção educacional, o pontapé para sua carreira como atriz, que seguiu com papéis pequenos até 1952, quando interpretou uma talentosa bailarina em 'The Secret People', executando suas próprias sequências de dança.


A produção não lhe deu fama, mas uma coisa levou à outra e, graças ao trabalho impecável no filme, acabou conhecendo a escritora francesa Colette, que escolheu Audrey como a protagonista da peça 'Gigi', da Broadway.



Um cartaz da peça "Gigi"

A peça lançou Audrey aos braços do filme 'Roman Holiday', para o qual foi escalada por "ter tudo o que o diretor procurava":


Ela tinha tudo o que eu procurava: charme, inocência e talento. Ela também era muito engraçada. Era absolutamente encantadora e dissemos: 'Essa é a garota!'

O diretor William Wyler sobre Hepburn.


A partir daí, Audrey seguiu para o estrelato, que parecia o único caminho possível.



Audrey, a estrela



Por 'Roman Holiday', Audrey venceu o Oscar de melhor atriz, o BAFTA de melhor atriz num papel principal e o Globo de Ouro de melhor atriz, recebendo a alcunha de "Menina de Ouro do Ano".


O sucesso lhe concedeu um contrato com a Paramount, além de uma matéria de capa para a Time, o que não era usual a atrizes da época. Foi quando passou a ser reconhecida também por seu estilo pessoal.


Passou, então, a dividir-se entre as telas e os palcos, e era sempre elogiada por suas performances em ambos.


Depois de abandonar um papel em uma produção de Alfred Hitchcock que nunca viu as luzes devido à gravidez, Audrey foi pressionada pela Paramount a escolher uma produção para atuar imediatamente em 1960. O escolhido foi o romance inspirado no livro 'Breakfast at Tiffany's', em que ela seria Holly Golightly, um papel que queriam dar a Marilyn Monroe.


O filme, conhecido no Brasil como 'Bonequinha de Luxo', tornou-se o mais emblemático de sua carreira, e foi um novo divisor de águas, lançando-a de vez como um ícone da moda e uma atriz de peso.


No final dos anos 1960, nem tanto tempo depois de alcançar o auge da fama, decidiu começar, a passos lentos, sua aposentadoria, para se dedicar mais tempo à família: o casamento com o primeiro marido, o ator Mel Ferrer, durou 14 anos e, depois de alguns abortos espontâneos, lhe deu seu primeiro filho, Sean Hepburn Ferrer. Em 1969, casou-se novamente, com o psiquiatra Andrea Dotti, com quem se tornou mãe de seu segundo filho, Luca Dotti.


Embora quisesse ter mais filhos, Audrey sofreu diversos abortos, e a atriz dedicou-se a ser mãe de dois meninos.


Audrey do povo



Hepburn iniciou seus trabalhos filantrópicos em 1950, narrando dois programas de rádio para a UNICEF, recontando histórias de guerra para crianças. Como missionária da UNICEF, visitou a Etiópia, a Turquia e diversos outros países. Tornou-se Embaixadora da Boa Vontade em 1989, quando aproveitou para agradecer à organização por sua intervenção durante a ocupação alemã quando era criança.


Em 1992, depois de ter viajado a América do Sul e a América Central, declarou, após deixar o Sudão: "Eu vi apenas uma verdade gritante: Estes não são desastres naturais, mas tragédias provocadas pelo homem, para os quais existe apenas uma solução humana – a paz".




Audrey lutou contra um tipo de câncer abdominal por vários anos antes de sua morte, em janeiro de 1993. Seu velório foi realizado pelo mesmo pastor que realizou seu casamento com o ator Mel Ferrer e o batizado de seu filho, Sean.


A atriz foi enterrada na Suíça e, à ocasião de sua morte, o mundo se despediu com poesia, música e flores. Coisas que Hepburn amou em vida.


Em seu quarto, logo após sua partida, o amigo Gregory Peck recitou seu poema favorito, "Unending Love", de Rabindranath Tagore:


I seem to have loved you in numberless forms, numberless times…

(Aparentemente eu te amei de inúmeras formas, inúmeras vezes...)

In life after life, in age after age, forever.

(Vida após vida, era após era, para sempre)

My spellbound heart has made and remade the necklace of songs,

(Meu coração enfeitiçado fez e refez o cordão de músicas)

That you take as a gift, wear round your neck in your many forms,

(Que você toma como um presente, usa ao redor de seu pescoço de várias formas)

In life after life, in age after age, forever.

(Vida após vida, era após era, para sempre)


Whenever I hear old chronicles of love, its age-old pain,

(Sempre que eu ouço antigas crônicas de amor, é a dor envelhecida)

Its ancient tale of being apart or together.

(Seu conto antigo de estar separados ou juntos)

As I stare on and on into the past, in the end you emerge,

(Quanto mais eu olho para o passado, no fim você emerge)

Clad in the light of a pole-star piercing the darkness of time:

(Vestida com a luz de uma estrela-pólo, perfurando a escuridão do tempo)


You become an image of what is remembered forever.

(Você se torna uma imagem do que é relembrado para sempre)


You and I have floated here on the stream that brings from the fount.

(Você e eu flutuamos até aqui no córrego que vem da fonte)

At the heart of time, love of one for another.

(No coração do tempo, amor de um pelo outro)

We have played along side millions of lovers, shared in the same

(Ficamos ao lado de milhões de amantes, compartilhamos as mesmas)

Shy sweetness of meeting, the same distressful tears of farewell-

(Vergonha, doçura de encontrar as mesmas amargas lágrimas de despedida)

Old love but in shapes that renew and renew forever.

(Amor antigo, mas em formas que se renovam e se renovam sempre)


Today it is heaped at your feet, it has found its end in you

(Hoje está amontoado em seus pés, encontrou seu fim em você)

The love of all man’s days both past and forever:

(O amor de todos os dias do homem, tanto passado quanto para sempre)

Universal joy, universal sorrow, universal life.

(Alegria universal, tristeza universal, vida universal)

The memories of all loves merging with this one love of ours –

And the songs of every poet past and forever.

(As memórias de todos os amores se misturam com esse nosso amor – e as músicas de cada poeta do passado e para sempre)*



*Tradução livre.









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