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  • Foto do escritorGabriela Araújo e Luís Gustavo

Mulheres na Capoeira: a luta pela igualdade no esporte

No Brasil, estima-se que 35% dos praticantes de capoeira são mulheres. Dia da Capoeira é celebrado hoje.



A capoeira é uma expressão cultural e luta afro-brasileira criada pelos negros africanos que foram escravizados em território brasileiro. Essa prática foi desenvolvida pelos povos escravizados como uma forma de defesa às brutais violências praticadas pelos seus senhores. A roda, os instrumentos musicais, o canto e os movimentos corporais compõem a performance em capoeira.


A palavra capoeira significa "o que foi mata", por meio da conexão dos termos ka'a ("mata") e pûer ("que foi"). Fazendo referência às áreas de mata rasa do interior do Brasil, onde era feita a agricultura indígena. A capoeira é caracterizada por golpes e movimentos ágeis e intrincados. Utiliza principalmente de movimentos feitos junto ao chão ou de cabeça para baixo.


Entre os anos de 1890 e 1937, a capoeira era considerada crime e depois de um período de marginalização e perseguição, a prática se tornou descriminalizada com o surgimento de academias, porém, o público era masculino em sua totalidade, sendo necessário carteira de trabalho ou ocupação estudantil para participar.


A maioria das mulheres na época era dona de casa ou não tinha acesso à educação. Anos depois, na década de 80, mulheres começaram a frequentar academias para praticar o esporte.


Segundo informações disponibilizadas pelo jornal o Globo, estima-se que cerca de 6 milhões de pessoas praticam capoeira no Brasil, sendo elas 35% do sexo feminino.


Com o passar do tempo, diversos grupos pelo mundo adotaram a capoeira como hábito da rotina diária. Entre eles, surgiu o Herança Cultural, fundando em Guarulhos, Grande São Paulo, no dia 4 de abril de 1991 com o nome de Guerreiros de Zumbi, tendo como principal responsável Carlos Alberto Lanatovitz, conhecimento no meio como Mestre Catitu. A Herança Cultural tem como preocupação colocar a arte no mais elevado patamar, mostrando o quanto a capoeira é valiosa nos seus aspectos culturais, de arte e cultura.



Em entrevista à De Mulher Para o Mundo, membros do projeto Herança Cultural enfatizaram sobre como as mulheres são referências uma para as outras dentro de um esporte culturalmente masculinizados.


"Para nós, hoje em dia, se tornou um pouco mais fácil, porque antigamente as mestras já enfrentaram a dificuldade maior. Elas abriram as portas. Antigamente a mulher era vista na roda como a responsável por bater palma e sambar, elas enfrentaram o preconceito para mostrar que mulher também sabe jogar. Hoje em dia, encontramos portas mais abertas para a prática", comenta Léinha Menezes.


Apesar de ter cada vez mais mulheres na modalidade, Dany, professora de capoeira, reconhece que o machismo ainda é meio constante nas rodas da modalidade. "Durante um jogo, está um homem e mulher jogando, e outro homem vai entrar, ele não tira o homem, mas sim a mulher", entretanto a professora admira a persistência feminina.


A instrutora Camila Nogueira afirma que percebe durante jogos a mudança nos movimentos realizados por homens durante uma disputa mista.


A capoeirista Thainá Sodré começou com 2 a 3 anos a participar das rodas de capoeiras junto com sua irmã. Por conta disso, ela nunca conseguiu identificar a divisão entre homens e mulheres dentro da modalidade, para ela, capoeira sempre foi um esporte masculino, mas também feminino.



Durante muitos anos, muitas situações desconfortáveis dentro da capoeira eram tratadas como coisas de jogos. No entanto, o cenário mudou e é necessário aprender a conviver diariamente com esse novo universo, admite o Mestre Mi, um dos instrutores das rodas paulistanas. No entanto, o mesmo é contra duelos mistos, independente da modalidade. "Tem grupos que fazem o campeonato de capoeira onde homens e mulheres disputam em igualdade, eu acho bonito, mas não concordo. Eu acho que o homem sempre vai estar sempre estar se segurando pela força e não pela técnica. A partir do momento que ele tem medo de machucar outra pessoa, ele já está em desvantagem. Mas isso é uma opinião minha, não da capoeira, nem do grupo".


O Dia do Capoeirista é celebrado no dia 3 de agosto, originado da Lei nº 4.649, de julho de 1985, do governo do estado de São Paulo, que instituiu oficialmente esta data como comemoração a todos os capoeiristas. 


 

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