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  • Foto do escritorGabriela Araújo

No Dia do Atleta Olímpico, conheça a versátil e guerreira Nicole Silveira

Enfermeira e atleta, Nicole Silveira marca seu nome na história dos atletas brasileiros com os desafios de uma dupla carreira.


Créditos de imagem: Rory Siddall

Enfermeira e atleta, a gaúcha Nicole Silveira, de 28 anos, fez história nos Jogos de Inverno de Pequim 2022 ao conquistar o melhor resultado do Brasil na disputa do skeleton feminino. Na competição, ficou em 13º lugar na modalidade, tendo o melhor desempenho do país em esportes de gelo.


Para comemorar o Dia do Atleta Olímpico, Nicole relembrou, com a De Mulher Para o Mundo, o começo de sua carreira, contou sobre sua necessidade de ter uma carreira dupla e os desafios de ser atleta, principalmente de um esporte desconhecido para grande parte do público.




DMPM: Como fez a escolha de tornar-se atleta?

Nicole: Desde criança pratiquei esportes. Meus pais me colocaram quando tinha dois anos para fazer dança, fiquei até os 11 anos, depois fiz ginástica olímpica, joguei futebol, vôlei, rúgbi, crossfit, levantamento de peso, fisiculturismo. Fiz um ano de bobsled e agora no skeleton. Sempre fui atleta.


DMPM: Como conquistou o posto de atleta olímpica?

Nicole: Entrei no skeleton porque trabalhava em uma loja de suprimentos, enquanto estudava para ser enfermeira na faculdade, e um ex-colega meu veio fazer compras e descobriu que eu era brasileira, e me convidou para fazer parte da equipe de bobsled, que tentava a classificação para os jogos de 2018, aí acabei fazendo uma temporada no esporte, mas não nos qualificamos para os jogos e a federação me perguntou se eu queria tentar skeleton, pois nunca tinha tido um atleta representando o Brasil na modalidade nos jogos olímpicos, foi assim que entrei. Depois de praticar por quatro anos o esporte, na última temporada consegui [me] classificar para os jogos. Eu precisei ficar entre as melhores, no top 25, na temporada pré-olímpica, que foi de outubro de 2021 até janeiro de 2022.


Créditos de imagem: Nicole Silveira (Instagram)

DMPM: Você pratica skeleton. O esporte é pouco conhecido no Brasil. Poderia explicar mais sobre a modalidade?

Nicole: Geralmente, quando pergunto se conhecem o skeleton, a resposta é não. Aí vou direto para o bobsled, mas, se ainda não, as pessoas já assistiram ao filme Jamaica Abaixo de Zero, começo por aí. O skeleton é uma modalidade de inverno, a desce uma pista de gelo, começando correndo uns 30 metros com o trenó de lado e, depois da corrida, a gente pula em cima do trenó de bruços, então vamos de cabeça primeiro e aí vamos dirigindo. A gente dirige com a cabeça, os ombros, os joelhos e os pés. Dependendo da força da manobra que vamos fazer e os freios não existem, usamos a ponta dos pés, mas, quanto menos usar, melhor. E, próximo da linha de chegada, tem uma subida, para ajudar a diminuir a velocidade.



DMPM: Você, como enfermeira, precisou deixar o esporte um pouco de lado para dedicar para a saúde durante a pandemia?

Nicole: Como enfermeira, eu geralmente trabalho de março a outubro, conciliando com o treino. E, de outubro a março, eu não consigo trabalhar, porque estou viajando por conta das competições e treinamentos. Tento achar o balanço entre trabalhar como enfermeira para estar bem financeiramente, mas ter o espaço e tempo para treinar, que são duas carreira que tento ter em uma vida só.


Créditos de imagem: Nicole Silveira (Instagram)

DMPM: Precisou escolher outra profissão em paralelo ao esporte, por conta da questão financeira?

Nicole: Sim, eu preciso continuar trabalhando como enfermeira, porque o esporte é bem caro e eu não tenho patrocínio que ajudam nos custos. Apesar da Bolsa Atleta que recebo e Ice Brasil, que ajudam bastante, ainda infelizmente sobram custos para mim, por isso trabalho ao máximo no verão, para salvar dinheiro para a temporada. Quando chega a temporada, gasto esse dinheiro e mais um pouco e, quando volto, além de juntar para a próxima, preciso pagar as dívidas.


DMPM: Quais as maiores dificuldades de um atleta olímpico?

Nicole: Eu diria que a maior dificuldade de uma atleta olímpica é a financeira, porque estou competindo com atletas que são pagos para serem somente atletas, enquanto eu estou dividido o meu tempo de treinamento com o trabalho. O financeiro atrapalha também o planejamento de temporada, já que existem coisas que não consigo fazer completamente, por não ter o melhor equipamento possível, além do tempo, pois hoje só consigo treinar, trabalhar, comer e dormir e não consigo ver minha família e amigos.


DMPM: Por que você acha que o atleta olímpico no geral, não é então valorizado quanto outros esportistas de conhecidos, como futebol e vôlei, sendo que eles são olímpicos também?

Nicole: Por ser um esporte menor e menos conhecido e pouca gente praticando, ele não é tão valorizado. Deu para ver que, no Brasil, quando conheceu mesmo o skeleton, eles ficaram animados mesmos. Os outros esportes como futebol e vôlei, por serem mais populares, a mídia dá mais atenção e isso que a galera segue.


Créditos de Imagem: Lascelles Brown

DMPM: Pela escolha por um esporte nada conhecido no Brasil, as suas dificuldades de viver do esporte tornam-se ainda mais difíceis?

Nicole: Sim, por praticar uma modalidade desconhecida no Brasil, fica um pouco mais difícil por questão financeira e morando fora (Canadá), também não ajuda, porque eu não posso estar constantemente divulgando a modalidade em pessoa. Depois dos jogos, quando estive no Brasil, deu para ver a diferença de dar palestra e conhecer pessoas pessoalmente.


DMPM: Ser mulher e ser atleta dobra o desafio do sucesso?

Nicole: Não sei se eu diria que ser mulher dobra o desafio no skeleton em si, eu diria que independente de ser homem ou mulher os desafios são iguais na modalidade.


DMPM: O esporte pode ser uma forma para as mulheres conquistarem o respeito do resto da sociedade?

Nicole: A mulher tem sido vista e mais respeitada hoje em dia principalmente dentro do esporte, tem mulheres que são mais fortes, mais rápidas, mais tudo que homem. Então ajuda ter mulheres potentes e poderosas dentro esporte.




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