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  • Foto do escritorDe Mulher Para o Mundo

Nobel da Paz: Narges Mohammadi e sua luta pelo direito das mulheres

Narges Mohammadi foi a vencedora do Nobel da Paz. A iraniana é ativista pelos direitos humanos, defendendo o fim da opressão das mulheres no Irã.



Jornalista e engenheira, Narges está presa atualmente na prisão de Evin, em Teerã, condenada pelos próximos 10 anos e 9 meses e a 154 chibatadas (às quais ainda não foi submetida) por ser contra o regime extremista do país. Há 22 anos a ativista levanta a bandeira por igualdade e direitos das mulheres.

 

Quem é Narges Mohammadi



Nascida em 21 de abril de 1972, a ativista sempre foi muito estudiosa, tendo estudado física e se formado em engenharia. Foi durante seu período na universidade Imam Khomeini que ela se aventurou no jornalismo, escrevendo artigos sobre os direitos das mulheres no jornal estudantil. Ela participava de reuniões do grupo estudantil político Tashakkol Daaneshjuyi Roshangaraan ("Grupo de Estudantes Iluminados", em tradução livre) e foi presa em dois desses encontros.

 

Sempre muito engajada politicamente, começou sua carreira como jornalista trabalhando para jornais reformistas e publicou um livro "As reformas, a estratégia e as táticas”.


Foi em 2003 que ela se juntou ao Centro de Defensores dos Direitos Humanos, do qual hoje é vice-presidente. Casada desde 1999 com o também jornalista e pró-reforma Taghi Rahmani, Narges tem dois filhos gêmeos e a família apoia todo o seu ativismo.


Brigas com o governo



Por críticas ao governo extremista irariano, Narges foi presa em 1998, passando um ano na prisão. Como era membro da DHRC, foi intimida em 2010 pelo Tribunal Revolucionário Islâmico e detida na prisão de Evin, lá ela desenvolveu epilepsia, ficando apenas um mês presa, sendo movida para o hospital.

 

Em 2011, foi condenada a 11 anos de prisão, com a alegação de "promover atos contra o governo". Ela apelou do veredicto, no entanto, mesmo com a pena reduzida para 6 anos, foi presa em 26 de abril de 2012. O ministério das relações exteriores britânico repudiou a prisão da ativista, exigindo sua libertação. A Repórteres sem Fronteiras, assim como um grupo de legisladores internacionais, também exigiu sua liberdade, afirmando que ela estava correndo risco de vida no confinamento. Então, em 31 de julho de 2012, Narges foi liberada.

 

Uma de suas maiores lutas sempre foi o fim da pena de morte, em 2015 foi presa novamente por fundação de grupo ilegal (que discutia o fim da sentença), 5 anos de reunião contra a segurança nacional, um ano de propaganda contra o sistema. Em 2019, de dentro da prisão, Narges iniciou uma greve de fome com seu colega de ativismo Nazanin Zaghari-Ratcliffe, um cidadão britânico-irariano, contra a falta de médicos em Evin.

 

Em 16 de setembro, ela e outras presas queimaram seu véu em memória do aniversário de morte de Mahsa Amini, jovem que foi executada sob acusação de violar o código de vestimenta das mulheres. Essa tragédia desencadeou diversos protestos na República Islâmica.

 

Em janeiro de 2022, Narges foi presa novamente, condenada a 10 anos e 9 meses de prisão e a 154 chibatadas.


Abuso sexual e tortura


Narges faz diversos relatos sobre o abuso sexual que ela e outras presas sofreram na prisão. Além disso, relata ter sido vitima de tortura. Em seu livro "Tortura Branca", a ativista fala sobre todos os abusos e torturas que vivenciou nos anos de luta pela causa.

 

Mas, acima de tudo, afirma que maior que a tortura do corpo, é a psicológica. Estando afastadas de sua família há oito anos, ela relata que seu coração dilacera quando pensa que não escuta a voz de seus filhos gêmeos desde crianças e se preocupa com seu marido.

Ele e os filhos moram na França, já que o jornalista é cardíaco. Narges não deixou seu país, optando por lutar todos os dias pelos direitos das mulheres.

 

Além disso, ela relata o sofrimento que é estar em uma cela solitária. A punição é muito usada por interrogadores da República Islâmica e, no caso de Narges, a cela é um pouco mais cruel, já que ela luta contra a prática.

 

Até o momento, a ativista segue presa. A sentença das 154 chibatadas ainda não foi aplicada.

 


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