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  • Foto do escritorThuane Ingred

O aumento do número de mulheres negras nas campanhas de beleza

Dados apontam o aumento das mulheres negras nas publicidades e levantam o questionamento sobre a diversidade brasileira.



Seja na televisão, durante os comerciais ou até nos programas e novelas, seja nas redes sociais, é inegável o aumento da presença de publicidade com o protagonismo negro no Brasil. Podemos observar esse aumento principalmente nas campanhas de beleza, onde, possivelmente, haverá alguma menção à “beleza real”. Em um país em que a maioria se considera negra, como consta nos últimos censos, é de se esperar que essa mudança ocorra, muito por conta do aumento das lutas pela igualdade racial e do Movimento Negro.


Créditos de imagem: Avon

O último levantamento da pesquisa TODXS, da Aliança sem Estereótipos, indica que, de 2015 a 2021, houve o aumento de narrativas que mais empoderam do que estereotipam. A pesquisa analisou o período de março, abril, julho e dezembro de 2021, em que foi analisada a publicidade na TV e no Facebook, o que abrangeu 425 anunciantes, 35 segmentos de mercado e 5 emissoras televisivas.


Foi constatado o aumento de 21% de protagonistas com cabelo crespo e/ou cacheado, em comparação a 2015. Ainda nessa pesquisa, houve um crescimento de 22% para 27% de representação das mulheres negras protagonistas na TV, em relação a 2020. A representatividade negra chegou a 50% nos segmentos de serviço público, como telecomunicações, eventos, serviços financeiros, fast-food, sites e aplicativos.



O avanço, de fato, ainda é pequeno, mas já começa a ser notado no dia a dia. Durante muito tempo, a mulher negra foi distanciada dos espaços que denotam beleza, bem-estar e sucesso. O mercado de beleza sempre retratou esse espaço como sendo de prioridade branca, tanto por não colocar mulheres negras na sua publicidade, como também a não produção de produtos voltados para exaltar a beleza negra.


A publicidade visando à venda de determinados produtos ou serviços busca instigar o consumidor. Este pode ser instigado por diversos fatores, tanto internos quanto externos, como fatores culturais, motivacionais, sociais, psicológicos e pessoais. A mídia brasileira incentivou por muito tempo o embranquecimento, fazendo com que a população negra tentasse adotar os padrões estéticos, como o alisamento do cabelo crespo e a utilização de maquiagem com o objetivo de diminuir seus traços.


Assim, a propensão à compra de determinado produto está ligada diretamente a questões afetivas. No entanto, o gosto pode ser modificado com base em nossas experiências e concepções de mundo. O marketing tem total influência na construção de novos costumes e dos comportamentos sociais.


A mudança apontada na pesquisa TODXS acaba registrando a mudança que o marketing está imprimindo na sociedade brasileira. Ela mostra as tentativas de modificação desses significados da imagem do negro no espaço midiático, buscando colocar mais positividade no olhar do público, devido à luta do movimento negro, no combate ao racismo e na ressignificação do que é ser negro.


A tendência atual é mostrar na TV como o povo realmente é, a exemplo da novela Vai na Fé, na TV Globo. A sociedade está cansada de ver na televisão uma realidade distante da sua e essa concepção é compartilhada entre diversos publicitários. A tendência, portanto, é que a próxima pesquisa TODXS seja ainda mais otimista e que a diversidade da mulher negra seja ainda mais representativa.


A atriz Clara Moneke, a Kate de ‘Vai na Fé’. | Créditos de imagem: Avon

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