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  • Foto do escritorGabriela Araújo

O fim do futebol está próximo

Com a morte da palmeirense Gabriela Anelli no penúltimo sábado, já são sete assassinatos neste ano relacionados à modalidade.



Esse texto vou começar totalmente diferente de todos os outros que já escrevi para a plataforma, vou falar sobre mim. Quando era pequena, não entendia muito sobre as regras, mas gostava de futebol devido às torcidas e das festas que elas eram acostumadas a fazer nas arquibancadas. Essa paixão percorreu minha infância, adolescência e foi o principal motivo para buscar a carreira no jornalismo. No entanto, tenho plena consciência de que esse futebol por que me apaixonei nunca mais voltará.


​Desde outubro de 1988, de acordo com levantamento do jornalista Rodrigo Vessoni, do portal Meu Timão, já são 384 mortes oficialmente ligadas ao futebol, e a última aconteceu no sábado retrasado, em São Paulo, durante o jogo Palmeiras e Flamengo válido pelo Campeonato Brasileiro. A vítima foi a torcedora do Palmeiras, Gabriela Anelli, de 23 anos, atingida por uma garrafa de vidro enquanto estava na fila aguardando para entrar no estádio. A torcedora foi 221ª morte em dia de jogo, 12ª mulher a morrer pelo futebol.



Com a partida já em andamento, torcedores dos clubes envolvidos entraram em confronto nos arredores do estádio, sendo necessária a utilização de gás de pimenta para controlar a situação, o que afetou também o jogo. Durante a briga, a jovem acabou sendo acertada por estilhaços de vidro no pescoço. Gabriela chegou a ser socorrida e encaminhada ao Pronto Socorro da Santa Casa, onde passou por cirurgia e teve duas paradas cardíacas, ocasionando seu falecimento na segunda-feira.


Leonardo Felipe Xavier Santigo, torcedor do Flamengo, na mesma segunda teve a prisão preventiva decretada pela morte de Gabriela Anelli. No entanto, na quarta-feira, o homem, de 26 anos, foi liberado, já que as imagens mostram uma pessoa de outra aparência arremessando a garrafa.


​ A juíza Marcela Raia de Sant’Anna, responsável pelo caso, criticou a postura do delegado Cesar Saad na condução das investigações. O delegado afirmou que o réu havia confessado o crime, versão negada por Santiago.  


​Ainda segundo o levantamento já citado anteriormente, dos 384 casos, 263 mortes tiram seus assassinos impunes, 114 foram identificados e julgados sendo condenados ou absorvidos e 7 permanecem com informações desconhecidas.


​São Paulo é responsável por 63 casos. Para tentar diminuir esse número, em 3 de abril de 2016, depois de um domingo de clássico entre Palmeiras e Corinthians, que ocorreu no Pacaembu, pela 14ª rodada do Campeonato Paulista, em que, antes da bola rolar, em São Miguel Paulista, zona leste da capital, uma pessoa foi morta durante briga entre palmeirenses e corintianos. No dia seguinte, o Ministério Público pediu à Federação Paulista de Futebol (FPF), organizadora da competição estadual, que determinasse que clássicos ocorressem somente com a presença de uma única torcida nos estádios paulistas. À noite, a FPF acatou a decisão, após uma reunião realizada na Secretaria de Segurança Pública, no centro da capital paulista. De lá para cá, a determinação segue: nenhum clássico entre os quatro grandes do estado ocorreu com torcida visitante. Somente o time mandante pode vender ingressos.


Créditos de imagem: Helio Torchi

Porém, durante todo o período, as brigas continuaram, agora principalmente fora dos estádios: apenas 11 casos aconteceram dentro do estádio. O problema dentro dos estádios é outro, a entrada de facas, sinalizadores e bombas, circunstância da má revista da polícia militar.


Depois do caso de Gabriela, o delegado indicou que foi adotado o esquema de torcida única para clássicos também nacionais.


​ A grande maioria dos crimes acontecem envolvendo membros de torcidas organizadas. Nas organizadas, os integrantes encontram apoio, acolhimento e parceria, não encontrada nas famílias. Lá eles constroem sua própria família e por ela são capazes de tudo, até mesmo morrer para “proteger” um ao outro. As brigas são motivadas por rivalidade entre clubes, rixa por jogos anteriores, revide, ou mesmo sem motivo, apenas pela briga.  


Créditos de imagem: Helio Torchi

​Um dos principais influenciadores esportivos, Fred Bruno, do Desimpedidos, falou em seu Instagram sobre como as brigas estão transformando o futebol:



​Se a realidade continuar assim, cada vez mais torcedores “normais” se afastarão dos estádios, as festas perderão o encantado, já que apenas uma parte era convidada e as crianças vão desenvolver mais medo do que paixão pela modalidade.

 

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