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  • Foto do escritorHellica Miranda

O que está acontecendo em Israel?

Conflitos entre Israel e Palestina se estendem há décadas e envolvem política e religião em complexo histórico.



Contexto


O país de Israel declarou independência em 1948 e, desde então, vive em conflitos com seus vizinhos, árabes e muçulmanos, sobretudo a Palestina.


Com população estimada em 8.787.045 pessoas, de acordo com senso de 2021, Israel tem sua capital em Jerusalém, ainda que muitas embaixadas internacionais estejam em Tel Aviv. Israel faz fronteira com o Mar Mediterrâneo, o Egito, o Mar Vermelho, a Jordânia, a Síria e o Líbano no Oriente Médio.


A população israelense é composta por 74% de judeus e 20,9% árabes, que vivem em uma democracia parlamentar composta pelos poderes legislativo, executivo e judiciário.


O conflito entre Israel e a Palestina ocorre desde a criação do Estado de Israel, que já dava sinais de acontecer há algumas décadas. Em 1917, através da Declaração Balfour, o governo britânico declarou seu apoio ao estabelecimento de um estado judeu fixo na Palestina, ação que passou a acontecer a partir de 1922, quando a Liga das Nações permitiu que a Grã-Bretanha auxiliasse o povo judeu nesse processo.


Já na segunda metade dos anos 1930, a relação entre os colonos judeus e os árabes tornou-se tumultuosa. Dali em diante, com o acontecimento da Segunda Guerra Mundial e a morte de mais de seis milhões de judeus no Holocausto nazista, a criação de um Estado judeu seria uma resposta ao Holocausto nazista, que dizimou não somente os judeus, mas ciganos, homossexuais, dissidentes políticos e outros povos.


Em 29 de novembro de 1947, a Organização das Nações Unidas aprovou a divisão da Palestina em dois estados: um judeu e outro árabe. Os líderes judeus aceitam a resolução da ONU, mas os países árabes não. À época, viviam na região cerca de 1,3 milhão de árabes e 600 mil judeus.


Menos de um ano depois, o Estado independente de Israel foi declarado, com o primeiro-ministro David Ben-Gurion como líder. No mesmo mês, forças do Egito, Síria, Jordânia, Iraque e Líbano invadiram o território, levando à primeira de várias guerras árabe-israelenses.


No ano seguinte, conseguiu-se um acordo de armistício, com a Cisjordânia separada de Israel para que se tornasse o território jordaniano, e Gaza foi determinada como território egípcio.


Conflitos


Créditos de imagem: Associated Press

A formação do Estado de Israel altera significativamente o curso da imigração judaica, à medida que judeus de diversas nações europeias passam a considerar essa nova nação como seu lar. O aumento da população judaica em um território que há séculos era predominantemente árabe desencadeia conflitos armados imediatos, ampliados quando, em 1950, o governo adota a Lei do Retorno: "Todo judeu tem o direito de vir para este país como um oleh (um imigrante judeu)".


Sete anos depois, a Guerra dos Seis Dias aconteceu entre Israel e o Egito, a Jordânia e a Síria. No final desta guerra, Israel duplica as suas terras para incluir a Península do Sinai, as Colinas de Golã, Gaza e a Cisjordânia.


A partir daí, os ataques se tornam mais frequentes e sangrentos: em 1972, onze membros da equipe olímpica de Israel foram assassinados por terroristas na Alemanha. Um ano depois, Egito e Síria lançam ataques aéreos contra Israel no dia sagrado do Yom Kippur (o dia mais sagrado para o judaísmo).


Em 1978, o presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, patrocinou uma cúpula entre Israel e Egito. A cúpula conduziu a um acordo denominado "O Quadro para a Paz no Oriente Médio", que estabeleceu um caminho potencial para colocar fim aos conflitos entre Israel e os países vizinhos. Begin e Sadat compartilham o Prêmio Nobel da Paz de 1978 e assinam o acordo em 1979, com Israel concordando em retirar suas forças da Península do Sinai e Egito concordando em estabelecer relações diplomáticas com Israel e permitir que navios israelitas tivessem passagem livre através do Canal de Suez.


Depois de alguns outros conflitos — como a primeira Intifada, revolta palestina que deu origem ao Hamas —, em 1993, o presidente da OLP, Yasser Arafat, e o primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, apertam as mãos sobre um acordo de paz no Oriente Médio, o que lhes rende o Prêmio Nobel da Paz no ano seguinte. Em 1995, Rabin é assassinado por um extremista israelense que se opõe à diplomacia do líder com os estados árabes.


Os conflitos não pararam por aí e, em 2002, iniciou-se a construção de um muro ao longo da fronteira com a Cisjordânia.


Hamas e a Guerra


O Hamas é um grupo militante islâmico palestino que governa a Faixa de Gaza, território situado entre Israel, Egito e o Mar Mediterrâneo. Lá se concentra uma das maiores densidades populacionais do mundo.


Cerca de 80% da população de Gaza depende de ajuda internacional, de acordo com a ONU, e aproximadamente um milhão de pessoas contam com ajuda alimentar diária.


Créditos de imagem: BBC

O grupo Hamas é considerado terrorista por diversos países, mas a questão é complexa e a classificação não é unânime.


Países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Austrália e as nações da União Europeia classificam o Hamas como uma organização terrorista.


Já o Brasil e nações como China, Rússia, Turquia, Irã e Noruega não adotam essa classificação. Isso porque o Brasil só aceita classificar uma organização como sendo terrorista se ela for considerada assim pela ONU.


O Hamas comprometeu-se a eliminar Israel e esteve envolvido em diversos conflitos com o país desde que assumiu o controle de Gaza, em 2007. Durante esses confrontos, houve numerosos lançamentos de foguetes contra Israel, muitas vezes por grupos afiliados ao Hamas, resultando em ataques letais. Israel respondeu com repetidos ataques aéreos contra o Hamas, enquanto Israel e o Egito impuseram um bloqueio à Faixa de Gaza desde 2007, alegando que isso é necessário por razões de segurança.


Israel exerce controle sobre o espaço aéreo que abrange Gaza e sua zona costeira, além de regular a entrada e saída de pessoas e mercadorias através de suas fronteiras. Da mesma forma, o Egito monitora e controla o fluxo de pessoas que cruzam sua fronteira com Gaza.


Em 2017, o Hamas divulgou um novo documento político, no qual expressou sua aceitação da concepção de um estado palestino dentro das fronteiras que existiam antes da Guerra dos Seis Dias, em 1967. Contudo, é importante destacar que esta nova declaração não inclui o reconhecimento de Israel como um Estado soberano. Em reação a este anúncio, um porta-voz de Netanyahu declarou: "O Hamas está tentando enganar o mundo, mas não terá sucesso".


No ano seguinte, as Forças de Defesa de Israel (FDI) realizaram dezenas de ataques aéreos contra alvos em Gaza depois de o Hamas e o grupo militante da Jihad Islâmica terem disparado foguetes e morteiros através da fronteira. Em maio de 2021, Israel e o Hamas trocam pesados ​​bombardeamentos, numa escalada dramática desencadeada pela agitação no complexo da Mesquita Al-Aqsa, um local sagrado em Jerusalém. Civis palestinos e israelenses morreram no conflito.


Bombardeio israelense na Faixa de Gaza em 8/10/2023 | Créditos de imagem: Getty Images

Com o ataque de sábado (7), o Hamas busca manter sua influência no Oriente Médio, mas, apesar de receber apoio do Irã, sua capacidade de conduzir uma guerra prolongada contra Israel é limitada. No entanto, desta vez, o grupo palestino possui um trunfo significativo: cerca de 100 reféns, incluindo civis e soldados, foram levados para Gaza e serão usados como escudos humanos ou como moeda de troca para mitigar a resposta de Israel no território e facilitar a libertação de prisioneiros palestinos das prisões israelenses.


O começo da guerra tem sido desastroso para Israel, e, de acordo com Yossi Verter, colunista do jornal "Haaretz", as previsões para o país são desafiadoras: "Qualquer movimento é ruim para o governo. Se optar por manter o confronto em nível baixo, buscando encerrá-lo rapidamente, projetará fraqueza, possivelmente encorajando novos ataques. Se tentar destruir Gaza, incluindo uma invasão terrestre, resultará em grande perda de vidas".


Créditos de imagem: g1

O Brasil no conflito


Segundo informações vinculadas ao Ministério das Relações Exteriores, o Brasil precisará conduzir negociações diretas com representantes do Hamas para facilitar a evacuação de 25 cidadãos brasileiros que manifestaram o desejo de sair da Faixa de Gaza.


Além dos aviões que já decolaram, a Força Aérea Brasileira informou que mais quatro aeronaves estão prontas para a missão: dois KC-390, com capacidade para até 80 passageiros cada e dois VC-2, cedidos pela Presidência da República, que podem transportar até 38 passageiros cada.


Segundo as informações divulgadas pelo Ministério das Relações Exteriores, o resgate priorizará brasileiros que moram no Brasil e estavam em Israel a trabalho ou passeio.


Na manhã desta terça-feira (10), a primeira aeronave da FAB chegou em Tel Aviv, voando direto para Brasília e tem capacidade para até 238 passageiros.


Até o fechamento desta matéria, já haviam sido confirmadas as mortes de dois brasileiros: Ranani Nidejelski Glazer, de 23 anos, e Bruna Valeanu, de 24, que estavam em uma rave a cerca de 5 quilômetros da Faixa de Gaza.


Chile e Paraguai já contataram o Ministério de Relações Exteriores do Brasil em busca de ajuda para resgatar seus cidadãos presos na região.


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