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  • Foto do escritorNatália Aguilar

Setembro Amarelo e a importância da Prevenção ao Suicídio em todos os dias do ano

Saúde mental não deve ser tabu, mas assunto importante em debate.



Setembro chegou e, com ele, as massivas campanhas (necessárias) do setembro amarelo, que se destinam à prevenção do suicídio.


Hoje, venho aqui provocar você, leitor, lhe fazendo o seguinte questionamento: já que os números de suicídios são gritantes em nosso país, porque investir massivamente em campanhas apenas no mês de setembro?


Pois bem, antes de pensarmos numa resposta a essa pergunta, gostaria de trazer algumas questões relevantes ao tema.


É importante pensar que o suicídio não tem uma causa única, ele é multifatorial, ou seja, suas causas não devem ser reduzidas apenas às questões emocionais e psíquicas, mas também às questões biológicas, sociais e espirituais do indivíduo. É importante que possamos olhá-lo como um todo para não sairmos atribuindo culpas por aí. Compreender isso é fundamental para que as culpabilizações sejam diminuídas e os fatores de risco ao luto de quem fica, sejam atenuados.


Compreender que o ato de tirar a própria vida não se trata de uma escolha, também se faz relevante para a lida desse luto tão cheio de estigmas. Entendemos que a dor da pessoa que comete suicídio é tão grande, que ela vê a morte como única saída para dar conta desse movimento tão cheio de angústias e, como falar de escolhas, se é acreditado se ter uma única alternativa?


Autores contemporâneos que estudam a temática, revelam que o suicídio é uma solução permanente para um problema temporário e, além disso o tema é um tabu potencializado, já que trata-se de uma morte (tema que, por si só, já é tabu) provocada.


É importante refletirmos sobre a vivência da pessoa que tenta ou comete o suicídio, não reduzindo este fato como “fraqueza” ou “falta de fé”, pois há uma dor legítima de um sujeito que tenta lidar com seu meio ambiente e não consegue ou não se sente capaz. Isso é causador de muita frustração, dor e sofrimento. Essas pessoas enxergam suas dores como intermináveis, inescapáveis (sem solução) e insuportáveis (ele não aguenta mais passar por isso), e, diante disso, vê na própria morte ou em atos auto lesivos a possibilidade de acabar ou diminuir com a dor psíquica.


A compreensão do luto por suicídio requer que levemos em conta alguns fatores. Não se trata de um luto maior ou menor, mas de um luto com mais dificuldades de o enlutado atribuir significados à morte de quem se foi e, sendo assim, frequentemente, torna-se mais duradouro e intenso. É um tipo de luto em que se tem muitas perguntas e poucas respostas. Além disso, a culpa, o estigma do suicídio, a vergonha, podem levar a um comprometimento social que também pode agravar este processo. É importante, sim, valorizar o movimento do Setembro Amarelo. No entanto, é necessário ter alguns cuidados com slogans que possam ferir os enlutados por suicídio, pois estespodem sentirem-se mais culpados com campanhas que informam que "a maioria dos suicídios podem ser evitados", sendo isso outro agravante ao seu luto, podendo-o levar a um lugar de mais culpa, vergonha e esquiva social, já que ele próprio não conseguiu evitar o suicídio de seu ente querido. É necessária a compreensão de que a lida com essa temática não é fácil e, portanto, não pode ser banalizada.


Buscando, então, responder à questão do início do texto, penso na importância de estarmos atentos a todas essas questões onde e quando a vida real acontece e, buscarmos construir com familiares, amigos, pacientes com comportamentos suicidas, saídas possíveis e não perfeitas para atenuar os danos causados por este sofrimento, independente do mês. É preciso desmistificar este tema, acolhê-lo no aqui e agora, e falar, comunicar, ouvir, psicoeducar, dar suporte, pedir ajuda, quebrar tabus para que a prevenção aconteça... não apenas no mês de setembro, mas em todos os dias do ano.

 

Se você precisa de ajuda, entre em contato com CVV - Centro de Valorização à Vida, pelo número 188.

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