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  • Foto do escritorGabriela Araújo

Sororidade: é necessário estar ao lado de outra mulher acima de tudo?

Sororidade é um termo do feminismo contemporâneo, com o sentido de cumplicidade feminina, que busca, acima de tudo, gerar mudança social.



Como surgiu?


Em 1970, quando a escritora Kate Millett, líder feminista daquela época, propôs essa palavra, com o finalidade de construir uma ideia para lutar em seu dia a dia como ativista ferrenha, obtendo a união social entre mulheres sem que haja diferença de classes, de religiões ou de grupos étnicos. Sob o lema “Mulheres do mundo, unam-se!”, Millet cunhou a palavra “sororidade”.


Sororidade, para muitos, é uma resposta moral diante da sociedade patriarcal, tornando possível a tomada de consciência sobre as tentativas do patriarcado de estabelecer desunião entre as mulheres.


Após a Revolução Francesa, surge como um de seus lemas "Sororité", em francês, que tem como base contemplar a luta feminina por direitos e cidadania. Nos Estados Unidos, "sisterhood" ganhava o mesmo significado, usado por mulheres negras e religiosas. Nos anos 70, a escritora feminista Robin Mergan publica o livro 'Sisterhood is Powerful' ("A irmandade entre mulheres é poderosa", em tradução livre) e consolida o uso de forma abrangente.


O senso de comunidade entre mulheres, ou seja, a sororidade, se confunde com a história oficial do feminismo, movimento que defende a liberdade da mulher na sociedade e luta pela igualdade de gêneros, direitos iguais e, assim, o fim do patriarcado como sistema social.


Por conta da popularização do termo, "sororidade" dialoga com o feminismo contemporâneo, sendo um dos conceitos aplicados em teorias feministas, a partir do que se conhece como segunda onda do feminismo.


Na prática, o que é sororidade?


Na prática, "sororidade" se dá em vários níveis e formas. Respeitar o jeito de viver de todas as mulheres, elogiá-las (quebrando o tabu de que sempre estamos competindo entre nós), apoiar o trabalho feminino, se desfazer de conceitos machistas que julgam e menosprezam outras mulheres faz parte do rol de atitudes saudáveis.


Há mulheres que se unem em coletivos e grupos para acolher e orientar outras mulheres; isso também é sororidade. Oferecer ajuda para uma mulher conhecida ou desconhecida, tendo em vista que, em uma sociedade machista, todas nós somos vítimas de opressão social, também é um jeito de aplicar a sororidade.


Créditos de imagem: Rede Globo (Reprodução)

No BBB 20, a cantora e atriz Manu Gavassi, ao justificar seu voto em Felipe Prior, utilizou a palavra sororidade. Quando questionada pelo participante sobre o que seria, Manu rapidamente respondeu que ele deveria pesquisar assim que deixasse a casa. Depois desta fala, a procura pelo termo subiu em mais de 250% no Google. De acordo com dados da plataforma, a relevância das pesquisas desta palavra no Brasil estava perto de zero até as 20h de domingo (numa escala de 0 a 100). Pouco depois, o aumento foi exponencial e atingiu o nível 100 dentro de duas horas, sendo Amapá o estado com mais procuras por “sororidade” em todo o país.


Muitas vezes, o termo sororidade é erroneamente interpretado como se, por obrigação, as mulheres devessem gostar de todas as outras mulheres. Mas essa não é a questão: o termo refere-se, sobretudo, a ter empatia e ao exercício de cada mulher se colocar no lugar umas das outras, respeitando seus respectivos contextos.


Mas até que ponto as mulheres precisam estar ao lado uma das outras? Mesmo que a mulher esteja errada, temos que estar ao lado acima de tudo?


Sororidade não é amar todas as mulheres, mas sim não odiar uma mulher por ser mulher.

Babi Souza, criadora do movimento Vamos Juntas? e autora do livro 'Vamos juntas? O guia da sororidade para todas'.


Créditos de imagem: Galera Record

A questão não é sobre ter uma afinidade com todas as mulheres, mas compreender que, independentemente de vivências diferentes, as mulheres possuem uma opressão em comum: a opressão de gênero


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