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  • Foto do escritorNatália Aguilar

Uma mãe leva a outra - Maio Furta-cor 2024

Esse ano resolvi escrever sobre empatia... Mais que empatia, resolvi escrever sobre a compaixão. A compaixão que existe (ou que não existe) entre mães na vivência de suas maternidades.


Maternidade: Sem romantismos, é um período de caos, de mudança, de adaptação, de renúncias.

Me questiono até hoje o quanto é cruel atravessar todas essas mudanças sem o apoio social a uma realidade que muitas vezes é sim desejada, mas que não está livre das perdas que ela impõe, perdas essas que frequentemente recaem nas costas da mulher, a mãe recém nascida.

Mesmo diante do cenário em que cada um vive sua maternidade solitariamente, me chama atenção a falta de empatia e de compaixão de mães com outras mães. Mães que vivenciaram essa experiência solitária e que, ao se depararem com outra mãe em sofrimento tacam-lhes a “boa” e velha frase: “Você não quis ser mãe? Agora aguenta!”

Vamos com calma minha gente!

Querer ser mãe é uma experiência que só conhecemos de fato quando somos. Mas quando somos mesmo! Quando andamos pela casa com a criança pendurada no peito; quando passamos noites em claro almejando horinhas de sono do bebê; quando cheiramos o azedo do leite ou da papinha que foi regurgitada; quando vem o primeiro resfriado e queremos tirar com a mão aquilo que nosso filho sente de desconforto; quando deixamos os pequenos chorando na escolinha, pois temos que trabalhar para prover o sustento; quando abrimos mão de nossas carreiras em prol da maternidade; quando deixamos de ir naquele rolê tão legal por ele não ser ambiente para criança; por perdermos a nossa identidade, subjetividade e liberdade que nos faz sermos nós mesmas.

Poderia ficar aqui listando tantas perdas que nos são atribuídas nesse momento, pois elas são inúmeras e particulares de cada um, mas o que realmente gostaria de provocar aqui é a reflexão de como nós mães, tratamos outras mães que vivem essa realidade e que, muitas vezes, pelo receio do julgamento, a vivenciam de maneira solitária. Tratamos tal qual fomos ensinadas: com minha tataravó foi assim, com a minha bisavó foi assim, com a minha avó foi assim, com a minha mãe foi assim e comigo será assim também. Percebem que sofremos, mas não paramos para pensar em como modificar essa realidade sofrida e solitária?

O movimento do Maio Furta-cor desse ano, tem como slogan a frase “Uma mãe leva a outra”. Ano passado, publiquei aqui uma matéria sobre esse movimento e, neste ano, gostaria de provocar essa reflexão da empatia e compaixão de mães com outras mães, pois a maternidade envolve muito mais do que o cuidado com os bebês. A saúde materna, física e psíquica, precisa caminhar junto com a saúde do bebê, para que essa mãe esteja disponível ao seu filho como fonte de amparo, suporte e segurança. Por vezes, precisamos construir o nosso jeito de compreender as coisas e transformar uma realidade que nos foi dada.

Se eu, como mãe, não tenho nada a fazer por outra mãe, não julgar, já ajudaria muito. Buscar pensar em comunidade, pode ser um caminho e a nossa campanha do Maio Furta-cor está aqui pra isso. Para que uma mãe leve a outra a esse espaço de validação e acolhimento à dias tão intensos e difíceis.

Paródia Uma Mãe Leva a Outra

Música: Lavar as mãos (Arnaldo Antunes)

 

Uma

Leva outra, leva uma

Leva outra, leva uma mãe

Apoia outra mãe, apoia uma mãe

Apoia a outra mãe

Apoia uma

 

Depois de brincar, cuidar da cria a tarde inteira

Antes de surtar, pirar, loucar ou morrer de canseira

Pede ajuda (mãe), ajuda outra (mãe),

Ve se ajuda, ajuda outra (mãe)

Leva uma

 

A saúde vai embora junto com a carreira

Sobre/carga, de/pres/são, que/re/mos quei/mar na fo/guei/ra

Apoia uma, apoia outra

Apoia uma (mãe), apoia outra

Apoia uma

 

A segunda, terça, quarta, quinta e sexta-feira

No fim de se-ma-na, sem pau-sa, o dia é fu-lei-ra

Leva uma mãe, mãe, mãe, mãe

Apoia uma mãe, leva outra mãe

Leva uma mãe

Leva outra, Leva uma

 

Composição da paródia: @brunapieri

Voz: @luanagranai

Arranjo: @joao.lorenzon



É preciso desconstruir a ideia de que quando nasce um filho, também nasce uma mãe. Eu acredito que quando nasce um filho, nasce uma possibilidade, um projeto de mãe que vai aprendendo a ocupar esse lugar apenas na vivência da relação.

Cuidemos então de nossas mães, como em uma tribo. Menos julgamento, mais compaixão e acolhimento. 

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